Uma dúvida é como definir um robô e uma perda de emprego (ktsimage/Thinkstock)
João Pedro Caleiro
Publicado em 26 de agosto de 2017 às 08h00.
Última atualização em 26 de agosto de 2017 às 08h00.
São Paulo - Na última quarta-feira (23), começou na Califórnia uma campanha em defesa de um "Fundo para os Empregos do Futuro".
"A ideia é simples: se um empregador substituir um trabalhador humano por um robô ou algoritmo, ele ou ela pagaria um imposto. A receita então seria utilizada para financiar treinamento, educação e investimentos em novas indústrias", diz o site oficial.
Eles citam o dado de que a automação pode eliminar até 47% dos empregos existentes nos Estados Unidos no espaço de duas décadas, fruto de um estudo da Universidade de Oxford.
Há outros estudos com números diferentes, e resta saber até que ponto também serão criados novos setores e indústrias, como foi o caso em revoluções tecnológicas do passado.
O movimento californiano foi lançado por Jane Kim, uma das 11 representantes eleitas do braço legislativo da cidade de São Francisco, que pretende pressionar os congressistas estaduais.
Ela tirou a ideia do imposto de uma entrevista dada por Bill Gates, o bilionário fundador da Microsoft, para o site Quartz em fevereiro.
"Atualmente, o trabalhador humano que cria, digamos, 50 mil dólares de valor de trabalho em uma fábrica, esta renda é taxada por imposto de renda, de seguridade social, todas essas coisas. Se um robô entra e faz a mesma coisa, você imaginaria que o robô seria taxado da mesma forma", disse ele.
Economistas como Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro americano, criticaram a ideia como uma forma de punir a inovação e diminuir ganhos de produtividade.
Uma dúvida é como definir um robô e uma perda de emprego, além da forma de aplicação do imposto: ele incidiria sobre o lucro ou sobre o investimento de uma empresa na robótica?
Em entrevistas, a própria Jane diz estar mais interessada nas discussões que o grupo está promovendo do que na aprovação rápida de uma lei específica.
Na União Europeia, deputados chegaram a considerar uma proposta para taxar donos de robôs e com isso pagar pelo treinamento de quem perdeu o emprego, mas ela acabou sendo rejeitada em fevereiro deste ano.