Plenário da Câmara dos Deputados (DF) (Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)
Agência de notícias
Publicado em 13 de agosto de 2024 às 19h15.
Última atualização em 13 de agosto de 2024 às 19h17.
Deputados avaliam elaborar e votar, ainda nesta semana, um projeto para dar transparência às chamadas "emendas pix", nas quais os valores são enviados por parlamentares ao caixa de prefeituras e estados, sem um fim específico. A ideia é justamente criar um "carimbo de destinação". A negociação ganhou força na volta dos trabalhos, a partir do debate sobre decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Dino exigiu critérios de publicidade, transparência e rastreamento para emendas Pix. Pela decisão, as emendas só poderão ser liberadas pelo Executivo se determinadas exigências forem cumpridas.
É possível que a proposta seja redigida nas próximas 24 horas, com o objetivo de ser apreciada até esta quinta-feira, já que nesta semana a Casa realiza um esforço concentrado. Outros deputados, entretanto, defendem outras alternativas para a regulamentação.
Nesta terça-feira, o presidente da Comissão de Finanças e Tributação, deputado Mário Negromonte Jr. (PP-BA), disse que houve interferência do Judiciário no caso da emenda, que “mostra mais uma vez que não está em sintonia com os problemas dos municípios do Brasil”, durante comparecimento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao colegiado.
As emendas Pix foram criadas em 2019, por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Pelo modelo, cada parlamentar pode indicar valores diretamente para as contas de prefeituras e estados, sem depender do aval do governo. Essa quantia pode ser usada como o prefeito ou governador bem entender.
Como o dinheiro não passa pelos ministérios, não cabe ao Tribunal de Contas da União (TCU) a fiscalização, mas a órgãos de controle locais. No dia 1º, Dino deu ao Executivo e ao Legislativo prazo de 30 dias para dar total transparência às emendas pagas desde 2020, incluindo as de comissão, e exigiu critérios mais rígidos para a liberação das emendas Pix.
A ferramenta foi criticada no mês passado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em entrevista ao GLOBO, na qual defendeu que esse tipo de recurso tenha, justamente, um carimbo para a destinação.
— Talvez aqui os meus amigos não gostem, mas sou muito crítico e eu defendo emendas, mas eu não uso (emenda) Pix, porque acho que o Pix vai ter que ser aprimorado agora para ter o objeto. De onde nasceu a emenda Pix? Da burocracia do governo. A turma fez uma emenda de transferência direta (para a prefeitura). Podemos avançar? Podemos. Vamos fazer a emenda Pix com um objeto determinado. Então, ela vai para a construção de uma ponte, vai para a construção de uma escola, vai para a construção de um sistema de água — disse Lira.