Economia

Câmara deve votar medidas centrais do pacote fiscal nesta quarta; veja o que está na pauta

Deputados aprovaram ontem o primeiro projeto do programa de corte de gastos proposto pelo ministro Fernando Haddad

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 18 de dezembro de 2024 às 06h43.

Última atualização em 18 de dezembro de 2024 às 06h45.

A Câmara dos Deputados marcou para esta quarta-feira, 18, a votação de mais duas propostas do pacote de contenção de gastos apresentado pelo governo federal: o que trata da mudança na regra do salário mínimo e a proposta que altera o abono salarial.

Ontem, os deputados aprovaram o primeiro projeto do pacote fiscal, que cria gatilhos e permite bloqueio de emendas para viabilizar o cumprimento das metas do arcabouço fiscal.

Um dos projetos que devem ser votados hoje é o que muda regras de acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, e prevê pente-fino em outros benefícios sociais, além de mudar a fórmula de reajuste do salário mínimo.

O deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), relator dessa proposta, disse ontem que pretende manter as regras de salário. O governo propõe fixar um limite de crescimento real do piso nacional equivalente ao teto do arcabouço fiscal, que vai entre 0,6% e 2,5% todo ano.

Nova regra de tributação mínima deve impactar 20 multinacionais brasileiras

Em 2025, seria 2,5% contra uma alta de 3,2% se o governo não mudasse a regra — tudo acima da inflação. Isso gera uma economia de cerca de R$ 7 bilhões em 2025.

"A parte de crescimento do salário mínimo, piso e teto do arcabouço, esse é um ponto que está bem pacificado. Pelo menos o feedback que eu estou recebendo é esse", declarou o deputado.

O governo aceita fazer ao menos quatro concessões na proposta de mudanças no BPC, que representa um salário mínimo pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.

Como a reforma tributária muda o imposto para autônomos

Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, será retirado do texto que será apresentado hoje a restrição do pagamento do benefício a mais de um integrante da mesma família. Ou seja, será permitido o acúmulo de renda. Essa foi uma das proibições que constavam no projeto de lei. A comprovação de incapacidade para o trabalho também vai sair da proposta.

Outra mudança diz respeito à composição familiar. Inicialmente, o governo queria considerar parentes que não morem sob o mesmo teto para compor a renda na hora de avaliar a concessão. Também será retirada da proposta o trecho que impedia a concessão do BPC a pessoas com bens acima do limite de isenção do Imposto de Renda.

Para ter direito ao BPC, é preciso que a família tenha uma renda per capita de no máximo 25% do salário mínimo (hoje o equivalente a R$ 353 por mês).

O mesmo projeto oficializa temas já divulgados pela Fazenda para o Bolsa Família, como:

  • Biometria obrigatória para inscrição e atualização cadastral;
  • Atualização obrigatória para cadastros desatualizados há 24 meses;
  • Restrição para municípios com percentual de famílias unipessoais acima do disposto em regulamento;
  • Inscrição ou atualização de unipessoais deve ser feita em domicílio obrigatoriamente;
  • Concessionárias de serviços públicos deverão disponibilizar informações de seus bancos de dados para viabilizar cruzamento de informações;

Abono salarial

Também está na pauta a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê a restrição gradual do acesso ao abono salarial do Programa PIS/Pasep de um salário mínimo, pago aos trabalhadores com carteira assinada e servidores públicos.

O acesso ao programa é limitado hoje a quem ganhou até dois salários mínimos mensais no ano anterior, o que atualmente são R$ 2.640. A PEC estabelece que, a partir de 2026, esse valor será corrigido pelo INPC, ou seja, não vai mais incorporar os ganhos reais do salário mínimo. O salário de acesso será reduzido até chegar a um salário mínimo e meio. O governo acredita que isso será alcançado em 2035.

A proposta também estabelece:

  • Teto salarial: O limite salarial do servidor público é a remuneração do ministro do Supremo Tribunal Federal, de R$ 44 mil. O texto diz que ficam fora do teto parcelas indenizatórias fixadas em lei complementar de caráter nacional aplicada a todos os Poderes e órgãos autônomos;
  • Benefício de Prestação Continuada (BPC): Ficam vedadas deduções não previstas em lei para fins de comprovação de renda para acesso ao benefício;
  • Fundeb: Até 20% da complementação da União para o Fundo de Manutenção da Educação Básica (Fundeb) poderá ser direcionado para o fomento à manutenção de matrículas em tempo integral;
  • DRU: A Desvinculação das Receitas da União (DRU), mecanismo que flexibiliza a execução orçamentária, desvinculando 30% da arrecadação, será prorrogada até 2032;
  • Vinculação de receitas: Até 2032, a vinculação de receitas a despesas não poderá resultar em um crescimento superior ao do total das despesas primárias;
  • Subsídios: O Executivo poderá limitar subsídios e benefícios financeiros durante a execução orçamentária.
Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosBrasília

Mais de Economia

Subsídios na China fazem vendas de eletrônicos crescer até 400% no ano novo lunar

Conta de luz não deve ter taxa extra em 2025 se previsão de chuvas se confirmar, diz Aneel

Após receber notificação da AGU, TikTok remove vídeo falso de Haddad

Governo pode perder até R$ 106 bi com renegociação de dívida dos estados, estima Tesouro Nacional