Prédios em São Paulo: se reduzido o tempo de aprovação dos projetos imobiliários para 90 dias, conforme mencionou Haddad, na opinião do presidente do Itaú, seria "fantástico" (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 18 de setembro de 2013 às 14h56.
São Paulo - O atraso e a burocracia na aprovação de projetos imobiliários geram custos adicionais e encarecem o produto final, de acordo com o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal. "A legislação é muito importante no sentido de criar boas oportunidades e condições de projetos viáveis para que possamos financiá-los", disse, na abertura da semana imobiliária, promovida pelo Secovi-SP.
À medida que a empresa não consegue gerar retorno com o projeto imobiliário por conta de atraso em cima de um investimento já feito, acumula o custo financeiro, segundo o executivo.
"No final do projeto, isso vai se fazer presente. Estamos no fundo só criando pela democracia um custo adicional no projeto que vai ser pago sempre pelo comprador final e temos sempre que tentar abreviar ao máximo isso", avaliou Setubal.
Se reduzido o tempo de aprovação dos projetos imobiliários para 90 dias, conforme mencionou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, na opinião do presidente do Itaú, seria "fantástico". Setubal afirmou ainda que a regulação também é o ponto mais central na escassez de terrenos, de acordo com ele.
O presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes, acrescentou que as regras sobre projetos imobiliários têm de ser muito "claras". Ele afirmou ainda que os juros dos financiamentos imobiliários têm uma tendência de aumentar um pouco (em meio à alta da Selic) e isso é sempre ruim por conta do "peso enorme" no processo de produção dos projetos imobiliários.
"A demora no licenciamento dos projetos acaba causando um aumento no custo da unidade final, o que é importante num momento em que a matriz de custos está apertada e queremos equilibrar oferta e demanda gerando produtos que tenham viabilidade econômica", avaliou ele.
Insegurança
A insegurança jurídica é, na opinião do presidente do Itaú Unibanco, um problema no Brasil. "O produto de banco é fundamentalmente um contrato e a insegurança jurídica gera um problemão", afirmou ele, em debate na abertura da semana imobiliária, promovida pelo Secovi-SP.
Setubal disse que o sistema imobiliário que existia nos anos 70 foi destruído pelo fato de que o judiciário não aceitava garantia hipotecária do imóvel dada no financiamento, o que tornou "inviável" dar crédito para a compra de imóveis. "Tivemos de fazer o sistema imobiliário de novo no início do governo Lula, criando a alienação fiduciária e outros mecanismos jurídicos que estão aí funcionando", afirmou ele.
Passaram-se, conforme o presidente do Itaú, 15 anos sem financiamento imobiliário ou com baixo volume de crédito para este fim por conta deste processo.
Outro ponto criticado por Setubal foi a lentidão da Justiça, que é um dos problemas que leva à insegurança jurídica. "Para melhorar a insegurança jurídica é preciso focar em como o processo ocorre e que seja mais rápido", afirmou.