Zona do Euro: a região registrará um crescimento de 1,3% em 2015 (Philippe Huguen/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2015 às 15h32.
Bruxelas - A Comissão Europeia elevou nesta quinta-feira sua estimativa de crescimento da zona do euro para 2015, mas confirmou que os países da moeda única permanecerão em deflação devido à depreciação do euro e a contração dos preços do petróleo.
A zona do euro, de 19 países, registrará um crescimento de 1,3% em 2015, dois décimos a mais do que nas previsões de outono publicadas em novembro, segundo o pronóstico da Comissão, e em 2016 marcará uma expansão de 1,9% do PIB.
Mas a expansão de 2015 será acompanhada por um índice de preços ao consumidor de -0,1%, confirmando assim o fenômeno nocivo para a economia caracterizado por uma queda prolongada e generalizada dos preços.
Essa situação levou o BCE, após meses de dúvidas, a lançar um programa de compra de dívida pública e privada a partir de março que prevê uma injeção de liquidez de até 60 bilhões de euros por mês na economia, pelo menos até o final de setembro de 2016, um programa de um total de 1,14 trilhão de euros.
"Esta ação do BCE, assim como a queda dos preços do petróleo e a desvalorização significativa do euro (...) devem permitir que o crescimento volte em 2015 e 2016", avaliou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, em coletiva de imprensa.
"A reativação gradual se confirmou", disse, explicando-a por uma "melhoria no emprego e pelas reformas estruturais que começam a dar frutos".
A tendência deflacionista deve se inverter em 2016, ano em que a zona do euro, segundo a Comissão, registrará uma inflação de 1,3%, abaixo dos 2% que recomendados pelo BCE.
Em 2016 o crescimento na zona do euro será de 1,9%, prognostica a Comissão.
A Comissão afirmou que pela primeira vez desde 2007 todos os países-membros da União Europeia(UE) crescerão.
Essas previsões econômicas chegam em um momento em que a UE tenta evitar uma nova crise da dívida grega. Essas previsões não incluem possíveis efeitos colaterais dos problemas de Atenas.
Segundo as previsões, o PIB da Grécia aumentará 2,5% em 2015 e 3,6%, em 2016.
O retorno da confiança na Espanha
Para a Espanha, a Comissão Europeia prognostica que o PIB crescerá 2,3% em 2015 e melhorará no setor de emprego, embora o desemprego continue alto, a 22,5%.
Apesar disso, a Comissão afirma que o déficit será de 4,5% e que a dívida pública ascenderá a 101,5% do PIB.
"As previsões para a Espanha são substancialmente melhores do que as publicadas em novembro", afirmou Pierre Moscovici. A Comissão destaca ainda que a economia espanhola "voltou a crescer em 2014 depois de três anos de recessão".
"O crescimento se acelera graças às melhores condições financeiras, à confiança que retorna, a criação de emprego (...) assim como pela queda do preço do petróleo", observou.
Segundo a Comissão, a demanda interna fomentará o crescimento na Espanha, embora esteja previsto que as exportações, um dos motores da economia espanhola, que em 2014 deixou três anos de recessão, terão uma expansão reduzida.
O déficit avaliado em 0,5% do PIB, será de 4,5%, depois de -5,6% em 2014. Para 2016 prevê um déficit de 3,7%.
Esses prognósticos mostram que a Espanha cumprirá sua meta de déficit das contas públicas nesse ano e no próximo, que deve se situar em torno de -3%, como determinam os tratados sobre a moeda única.
"O déficit continuará sendo superior, substancialmente, aos critérios previstos. Não será conforme o estabelecido em 2015, mas continuamos discutindo com o governo espanhol para ver como podemos reduzir essa diferença", disse Moscovici.
França e Itália respiram
Em França e Itália, segunda e terceira economias da zona do euro, as previsões publicadas nesta quinta-feira constituem uma boa notícia. Os dois países, que registram desajustes significativos em suas contas públicas, deverão escutar as recomendações que serão feitas por Bruxelas no fim do mês.
A França registrará um crescimento de 1% em 2015, em vez de 0,7% prognosticado em novembro. Isso lhe permitirá aliviar o déficit de 4,1% do PIB para esse ano, longe de seu compromisso em 3%, adiado para 2017.
A Itália deixará três anos de recessão e em 2015 crescerá 0,6%, segundo a Comissão.