Economia

Brics devem ressaltar papel de emergentes no pós crise

Será esta a principal mensagem da declaração da Cúpula de Fortaleza, encontro dos presidentes do bloco que começa na segunda-feira, 14, na capital do Ceará


	Líderes dos BRICS: reunião irá ressaltar combinação entre crescimento e redução da desigualdade
 (AFP)

Líderes dos BRICS: reunião irá ressaltar combinação entre crescimento e redução da desigualdade (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2014 às 19h48.

Brasília - Diante do fraco desempenho econômico de Brasil e Rússia, os presidentes dos BRICS vão tentar mudar o tom para ressaltar, em vez da importância dos emergentes na recuperação global depois da crise, a alternativa representada pelo grupo, formado ainda por China, Índia e África do Sul, da combinação entre crescimento e redução da desigualdade.

Será esta a principal mensagem da declaração da Cúpula de Fortaleza, encontro dos presidentes do bloco que começa na segunda-feira, 14, na capital do Ceará.

Na largada para a sua campanha de reeleição, a presidente Dilma Rousseff terá a oportunidade de defender, com apoio de quatro das maiores economias do mundo, a ideia de que aquilo que está sendo feito no Brasil é o melhor, mesmo que sem um crescimento elevado.

Como anfitrião, o Brasil tem o poder de influenciar o tema central da cúpula e da declaração final.

Mesmo que os assuntos centrais do encontro de Fortaleza sejam a finalização do banco de desenvolvimento dos BRICS e a criação do Arranjo Contingente de Reservas (CRA, na sigla em inglês), o tema proposto pelo governo brasileiro tem ligação direta com uma das teclas mais batidas no mandato de Dilma Rousseff.

Alternativa

Diplomatas ouvidos pelo Estado explicam que a intenção é mostrar que há outros modelos de desenvolvimento e os BRICS não são apenas um acrônimo ou um agrupamento de economias emergentes em rápido crescimento que, com a desaceleração, não têm mais nada em comum.

Seriam uma alternativa de países que conseguiram crescer diminuindo a desigualdade e a pobreza - mesmo que os índices ainda sejam assustadoramente altos.

A ideia de que o Brasil, mesmo não tendo um crescimento tão vigoroso, está incluindo a população mais pobre é presença constante nos discursos do governo.

Às vésperas da Rio+20, o encontro sobre desenvolvimento sustentável que aconteceu em 2012 no Rio de Janeiro, Dilma lançou o discurso de que o Brasil poderia ser "um exemplo para o mundo" por ter um desenvolvimento sustentável formado por "crescer, incluir e proteger".

Fazer melhor

A plenária dos presidentes, na terça-feira, deverá ser centrada na ideia de que os cinco BRICS são um exemplo de "fazer melhor para mais gente".

A intenção é mostrar que os países têm alternativas e políticas públicas diversas com resultados importantes e, mesmo não crescendo tanto quanto há alguns anos, ainda têm economias mais vigorosas do que os países desenvolvidos.

Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram uma projeção que, quando se considera o Produto Interno Bruto pela Paridade do Poder de Compra, a renda nos países emergentes - incluindo aí os BRICS - teriam ultrapassado a renda dos países ricos durante algum momento de 2013.

Dos cinco BRICS, o Brasil é o mais com menor projeção de crescimento para 2014, e ainda tem um índice de Gini - usado para medir a desigualdade social - que perde apenas para a África do Sul.

No entanto, Dilma tem outro trunfo: o Brasil é o país que teve a maior redução de desigualdade e pobreza e possui os programas sociais mais amplos.

Em meio a uma apertada campanha política, é uma oportunidade de vender, no seu papel de chefe de estado, a ideia de que o seu governo tem o que mostrar.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaÁsiaBricsDados de BrasilDilma RousseffEuropaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresRússia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto