Economia

Bric pede reforma urgente do sistema financeiro global

Brasil, Rússia, Índia e China pediram ontem uma reforma das instituições financeiras internacionais para dar maior voz aos países em desenvolvimento

Presidentes dos 4 países argumentaram que o grupo é vital para uma nova ordem mundial (.)

Presidentes dos 4 países argumentaram que o grupo é vital para uma nova ordem mundial (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Brasília - Os quatro principais países emergentes do mundo --Brasil, Rússia, Índia e China (Bric)-- pediram ontem uma reforma das instituições financeiras internacionais para dar maior voz aos países em desenvolvimento, e argumentaram que o grupo é vital para uma nova ordem mundial.

O pedido de maior influência dos Brics em instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) acontece antes de encontros do G20 e do FMI, marcados para este mês em Washington.

Os líderes de Brasil, Rússia, Índia e China disseram que a reforma no sistema de votação do Banco Mundial deve ser aprovada nas reuniões do FMI para dar maior influência aos países em desenvolvimento.

Citando um prazo mais específico, os líderes afirmaram que essas reformas devem estar concluídas até um encontro do G20 marcado para novembro.

"Brasil, Rússia, Índia e China têm papel fundamental a desempenhar nessa nova ordem internacional mais justa, representativa e segura", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após reunir-se com os demais chefes de Estado do bloco.

O grupo vem pressionando por reformas desde a crise financeira global de 2008. Eles argumentam que o sistema atual é dominado de forma injusta pelas economias avançadas, como Estados Unidos, Japão e Europa.

O comunicado afirma que o grupo resistirá a todas as formas de protecionismo comercial e buscará um incremento no comércio entre si em moedas locais, deixando de lado o dólar norte-americano.

Mas os Brics recuaram das conversas feitas no ano passado de estabelecer uma nova moeda de reserva e enfatizaram a importância da manutenção da estabilidade das principais moedas de reserva. Como uma das maiores detentoras de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, a China não está disposta a ver diminuiur o valor de seus investimentos.

Apesar de o grupo ter força econômica e abrigar 40 por cento da população mundial, as diferenças entre os quatro países se tornaram mais evidentes desde o primeiro encontro na Rússia, no ano passado, o que expõe a limitação das ambições do Bric.

"Apoiamos uma ordem mundial multipolar, equânime, democrática e justa com a (Organização das Nações Unidas) desempenhando um papel central no combate aos desafios globais", disse o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh.

O encontro entre os países do Bric foi comprimido quando o presidente chinês Hu Jintao decidiu antecipar sua volta à China por conta de um forte terremoto no oeste do país.

Em uma das poucas medidas concretas na direção da cooperação entre os quatro países, os bancos de desenvolvimento dos integrantes dos Brics assinaram um memorando de entendimentos para financiamento conjunto de projetos.

CHINA E BRASIL ASSINAM ACORDOS

China e Brasil, que são as maiores economias da Ásia e da América Latina, usaram a cúpula para fortalecer seus laços, com acordos comerciais e de investimentos.

Hu e Lula assinaram um "plano de ação" com duração de cinco anos, destinado a reforçar a cooperação nas áreas de comércio e energia. Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil.

Outros projetos definidos incluem uma siderúrgica de 5 bilhões de dólares no porto de Açu (RJ), maior investimento já feito pela China no Brasil, que tem uma das maiores reservas mundias de ferro.

A chinesa Wuhan Iron and Steel e a brasileira LLX Logística, controlada pelo bilionário Eike Batista, irão construir a usina.

A chinesa Sinopec e o banco de desenvolvimento do país também assinaram um acordo de cooperação com a Petrobras, disse o presidente da Sinopec, Su Shulin, à Reuters.

Su afirmou que o acordo vai englobar o desenvolvimento de recursos petrolíferos brasileiros e negócios comerciais com a China.

Acompanhe tudo sobre:BrasíliaBricscidades-brasileirasFMI

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo