Economia

Brexit ajuda empresas de mercados emergentes a pagar dívidas

A decisão do Reino Unido jogou uma boia para as empresas de mercados emergentes que enfrentam um tsunami de US$ 800 bilhões em vencimentos de dívidas


	Bandeira do Reino Unido: perspectiva de que ocorram menos calotes mostra como o Brexit está se tornando uma bênção para as empresas de países em desenvolvimento
 (Reinhard Krause/Reuters)

Bandeira do Reino Unido: perspectiva de que ocorram menos calotes mostra como o Brexit está se tornando uma bênção para as empresas de países em desenvolvimento (Reinhard Krause/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de julho de 2016 às 16h14.

A decisão tomada pelo Reino Unido, em referendo, de abandonar a União Europeia jogou uma boia para as empresas de mercados emergentes que enfrentam um tsunami de US$ 800 bilhões em vencimentos de dívidas.

Ao frustrar o plano do Federal Reserve de aumentar as taxas de juros, o resultado do referendo provocou a especulação de que os custos do crédito se manterão baixos durante mais tempo enquanto as autoridades econômicas tentam evitar que a turbulência da Europa se transforme em uma recessão.

Isso significa que as empresas de países em desenvolvimento que tomaram empréstimos quando era mais barato não terão que pagar mais para o serviço desses títulos, pelo menos por enquanto.

A perspectiva de que ocorram menos calotes mostra como o Brexit está se tornando uma bênção para as empresas de países em desenvolvimento que precisam pagar cerca de US$ 200 bilhões por ano de 2017 até 2020.

Economistas de várias instituições, do Fundo Monetário Internacional ao Banco de Compensações Internacionais, vêm alertando que um ajuste monetário do Fed poderia desencadear um aumento das falências de empresas nos mercados emergentes. Os calotes vêm crescendo desde 2013 e atingiram o maior número em sete anos no segundo trimestre.

“Poderíamos até ver um declínio nas taxas de calote novamente no terceiro e no quarto trimestre deste ano”, disse Apostolos Bantis, analista de crédito em Dubai do Commerzbank, que recomenda investir em papéis de empresas latino-americanas.

“Agora o panorama geral está mais positivo para as corporações de mercados emergentes porque é muito improvável que o Fed entre em ação em breve depois do Brexit”.

Incerteza

A incerteza em relação à política econômica que engoliu o mundo desenvolvido aumentou o apelo dos países emergentes, normalmente vistos pelos investidores como mais vulneráveis aos riscos políticos.

Yields em um índice da Bloomberg que acompanha a dívida corporativa dos países em desenvolvimento caíram 27 pontos-base, para 5,19 por cento, desde o referendo do Reino Unido, aumentando uma recuperação que começou quando os preços do petróleo passaram a subir depois de terem chegado a um valor mínimo no dia 20 de janeiro.

As russas Novolipetsk Steel PJSC e a operadora marítima Sovcomflot OJSC anunciaram sua intenção de recomprar dívida pelo total de até US$ 2 bilhões.

As vendas de títulos latino-americanos dispararam nos últimos sete dias, fenômeno atribuído pelo HSBC Holdings em parte à maior probabilidade de que “taxas ultrabaixas de política econômica global” se mantenham por mais tempo.

A produtora brasileira de carnes Marfrig Global Foods lançou emissão de US$ 250 milhões em títulos na tentativa de, segundo a empresa, “estender seu perfil de vencimentos de dívida e reduzir o custo de sua estrutura de capital”.

Mesmo depois que a poeira levantada pelo Brexit baixar, as eleições iminentes nos EUA, na Alemanha, na França e, possivelmente, no Reino Unido implicam uma lista cada vez mais longa de eventos possivelmente perturbadores, que fortalecerá a posição dovish dos bancos centrais. As empresas de mercados emergentes levantaram US$ 3,71 bilhões em títulos internacionais desde o referendo do dia 23 de junho no Reino Unido.

“Os fatores externos estão dando mais apoio”, disse Bantis, do Commerzbank. “É improvável que a tendência dos calotes do trimestre passado continue”.

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