Vista aérea de Brasília: concessões visam enfrentar a escassez de recursos estatais (Divulgação/SeturDF)
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2015 às 20h10.
Brasília - Construída há 55 anos como uma das maiores obras públicas da história do país, Brasília deve entrar neste ano num ciclo de concessões de infraestrutura à iniciativa privada e de parcerias com empresários para enfrentar a escassez de recursos estatais, em um quadro de retração da atividade econômica do país.
Esse é o plano do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), que, em entrevista à Reuters, disse que pretende lançar em setembro os primeiros editais de concessões de serviços públicos ao setor privado.
Na lista do que pode ser concedido está o icônico Parque da Cidade; a torre de TV, ponto turístico próximo do setor hoteleiro de Brasília; o autódromo; o Centro de Convenções Ulysses Guimarães; e o Estádio Mané Garrincha, palco de jogos na Copa do Mundo do ano passado.
Rollemberg conta que recebeu há cerca de um mês uma produtora de eventos interessada no estádio. Ele admitiu que a licitação da arena com capacidade para quase 70 mil pessoas pode não ser das mais simples e não deve estar nos primeiros editais.
"É mais difícil ter interessados. Há um número pequeno de empresas hoje em condição de operar um estádio como o Mané Garrincha. Mas estamos estudando qual a melhor modelagem para também fazer a concessão da arena", disse.
O governador regulamentou recentemente a participação do capital privado na gestão de bens públicos e na construção de novas estruturas, uma alternativa para atrair investimentos para a região sem comprometer as complicadas contas do governo.
Rollemberg disse que quando assumiu o governo, no início do ano, o governo tinha um rombo de mais de 3 bilhões de reais. "Colocamos em dia o pagamento dos servidores, pagamos um pouco de restos a pagar e ainda devemos quase 1,2 bilhão de reais a fornecedores e prestadores de serviço", disse.
Além das concessões, o governador avalia que Parcerias Público-Privadas (PPPs) viabilizem investimentos novos de maior porte, como a "Transbrasilia", projeto que deve demandar 1 bilhão de reais, para ligar o setor de indústrias de Brasília às cidades satélites do Guará, Taguatinga e Samambaia. "Nessa região hoje passa um linhão de alta tensão de Furnas. O objetivo é enterrá-lo e criar áreas de entretenimento que valorizem as cidades", disse. "Em alguns lugares podem ser criadas unidades imobiliárias para financiar o investimento".
No radar do governo estão ainda ferroviárias interestaduais, de interligação com Goiás, que estão sendo analisados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Um deles é o trem de média velocidade para ligar Brasília a Goiânia. O outro é a conversão, para uso por passageiros, de uma linha de carga entre Brasília e a cidade goiana de Luziânia, que tem grande fluxo diário de pessoas para e da capital federal.
Segundo ele, esses dois casos poderiam ser concessões ou PPPs, mas como envolvem outra unidade da federação, precisam de maiores negociações envolvendo inclusive a União Federal.
Os primeiros editais de PPPs devem demorar mais tempo. A previsão do governador é lançá-los até o início de 2016.
METRÔ E HOSPITAIS
Além das obras com recursos privados, Rollemberg quer uma expansão no metrô de Brasília com recursos públicos da União.
Segundo ele, Brasília deve receber 564 milhões de reais do governo federal para investir no metrô. A ideia é lançar em julho a licitação para mais cinco estações: duas em Ceilândia, duas em Samambaia e uma no início da Asa Norte, na região central do Plano Piloto.
"(O dinheiro) está contratado, assinamos aditivo esta semana e em julho deve ser lançado o edital", disse. Brasília pode ter ainda novidades próximas na áreas de saúde. Rollemberg disse que reuniu-se recentemente com representantes do hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, interessados em construir um hospital na capital federal.
"E o (hospital) Albert Einstein solicitou uma audiência. Estamos marcando", frisou, dizendo que o governo estuda modelos para facilitar a atração de empreendimentos hospitalares.
"Entendemos que Brasília pode se transformar em um grande 'hub' de saúde", disse.