Economia

Brasileiros pagaram R$ 40 trilhões em impostos em 20 anos, diz Impostômetro

Entre os países com as maiores cargas tributárias do mundo, o Brasil aparece na 24ª posição, perdendo para Noruega e Áustria, respectivamente

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 23 de abril de 2025 às 19h33.

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Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), em parceria com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), mostra que, ao longo de 20 anos de funcionamento do Impostômetro, os brasileiros já pagaram R$ 40 trilhões em tributos federais, estaduais e municipais.

O painel eletrônico, instalado na sede da ACSP, na Rua Boa Vista, 51, no centro histórico de São Paulo, completou duas décadas neste domingo, 20 de abril.

Entre os países com as maiores cargas tributárias do planeta, o Brasil aparece na 24ª posição, com 32,39% de cargas tributárias sobre o PIB. Os campeões do ranking são a Noruega (com 44,30% de tributação sobre o PIB), na primeira colocação, e a Áustria, na segunda (com 43,10%).

De acordo com o estudo, com esse valor arrecadado seria possível financiar, por exemplo, mais de 575 milhões de moradias populares, erguer mais de 61 milhões de escolas públicas, comprar cerca de 130 milhões de ambulâncias, distribuir quase 51 bilhões de cestas básicas e ainda viabilizar 25 milhões de leitos hospitalares.

Crescimento constante

Grande parte dessa arrecadação vem dos tributos cobrados sobre o consumo, que continuam sendo o principal motor da receita tributária nacional.

Em 2024, a carga tributária chegou a 32,32% do PIB, com os impostos sobre consumo respondendo por 13,91% do total. Esse percentual indica uma leve alta, com estimativas apontando que essa categoria representa atualmente entre 41% e 43% do total arrecadado, reflexo, em parte, do fim de isenções sobre combustíveis. No ano anterior, o Impostômetro contabilizou mais de R$ 3,6 trilhões em tributos, o que equivalia a 32,20% do PIB.

Quais são setores da economia que mais pagam impostos?

  1. Indústria (30%-35%)
  2. Comércio (25%-30%)
  3. Serviços (20%-25%)
  4. Energia (10%-15%)
  5. Agroindústria (8%-12%)

Alguns setores da economia brasileira enfrentam cargas tributárias mais altas do que outros. No caso da energia elétrica e das telecomunicações, os impostos podem representar de 40% a 50% do valor final pago pelo consumidor, segundo o levantamento do IBPT. Já atividades da agricultura primária estão entre as menos tributadas, com uma carga efetiva variando entre 5% e 10%.

Com a aprovação da Reforma Tributária, que prevê a adoção de um modelo de IVA dual (Imposto sobre Valor Agregado) a partir de 2026, espera-se uma maior uniformização na distribuição da carga entre os diferentes setores. No entanto, a mudança deve provocar um aumento da carga tributária para o setor de serviços — que poderá saltar dos atuais 14% para até 27%. Por outro lado, a indústria tende a ser beneficiada, com redução da cumulatividade dos tributos ao longo da cadeia produtiva.

Como a Reforma Tributária pode impactar a arrecadação nos próximos anos?

O estudo aponta que, de 2026 a 2029, deve haver estabilidade ou uma leve redução na arrecadação líquida, em função de mecanismos como isenções e devoluções via cashback. Há também expectativa de um crescimento econômico modesto, entre 0,5% e 1% ao ano, à medida que o setor produtivo se adapta às novas regras.

De 2030 a 2032, a arrecadação tende a crescer gradualmente. A economia pode acelerar, com o PIB apresentando alta de até 2% ao ano acima da média, impulsionado pelo aumento dos investimentos.

Após 2033, a arrecadação pode superar em 10% a 15% os níveis estimados sem a Reforma Tributária. O PIB pode alcançar um crescimento acumulado de 12% a 20% em um prazo de 15 anos.

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