Viagem aérea: recuo deve ter a mesma magnitude na alta temporada, no fim do ano (Iryna_Rasko/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2015 às 16h55.
São Paulo - A desvalorização do real ante o dólar e os efeitos da crise econômica devem fazer com que o volume de pacotes de viagens para o exterior fechados pelos brasileiros encerre o segundo semestre com uma queda de 20 por cento sobre o mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav).
O recuo deve ter a mesma magnitude na alta temporada, no fim do ano, quando as companhias aéreas provavelmente terão dificuldade em elevar os preços de passagens ao mesmo nível visto em 2014, segundo o vice-presidente de Relações Internacionais da associação, Leonel Rossi Junior.
"A queda no fechamento de pacotes não tem sido maior porque o preço das passagens desabou", disse à Reuters. As aéreas têm praticado tarifas promocionais agressivas para estimular o cliente de lazer a viajar, buscando compensar a persistente retração do público corporativo em meio à desaceleração da economia.
Mas elas têm indicado que os incentivos têm limite, em um período de custos em alta por conta do impacto do dólar sobre o querosene de aviação -- a divisa norte-americana subiu 22,64 por cento ante o real desde o fim de junho até a véspera.
Segundo Rossi Junior, as promoções se tornaram um perigo para as companhias aéreas, porque os consumidores ficam na expectativa de preços mais atraentes que o normal na alta temporada, adiando a compra de passagens em vez de antecipá-la. "Acredito que as empresas aéreas não possam voltar ao preço anterior (praticado na alta temporada do ano passado) neste ano", afirmou.
A companhia aérea Azul, por exemplo, informou na semana passada que a passagem de ida e volta para os Estados Unidos estava custando a partir de 400 dólares, podendo cair a 350 com promoções. Isso se compara a cerca de 800 dólares praticamente um ano atrás.
O presidente da empresa, Antonoaldo Neves, afirmou na ocasião que a operação internacional mal estava lucrativa, quase um ano após o lançamento dos voos para os EUA, em dezembro de 2014.
As companhia aéreas brasileiras esperam um déficit de caixa em 2015 de 7,3 bilhões de reais, com os custos disparando 24 por cento sobre 2014 e as receitas avançando apenas 3,7 por cento, segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).
Para a Abav, com os preços ainda bastante baixos, a demanda para os EUA é a que deve cair menos na comparação com outros destinos internacionais. "O que vai cair e tem caído mais são as compras nos EUA. Isso está afetando principalmente a Flórida", disse Rossi Junior.
Dados do Banco Central mostram que os gastos de brasileiros no exterior em agosto, o último dado disponível, caíram para 1,26 bilhão de dólares, recuo de 46 por cento ante agosto do ano passado.
Em compensação, a procura por pacotes para viajar dentro do Brasil no segundo semestre e na alta temporada aponta para um avanço entre 7 e 10 por cento na comparação anual, em meio a certa migração de passageiros de destinos internacionais para destinos nacionais, de acordo com a Abav.