Bandeira do Brasil (George Campos / USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2015 às 15h22.
O BC da Colômbia foi hoje o segundo a citar a política econômica brasileira, marcada nos últimos anos por uma reação hesitante contra a alta inflação, como exemplo a evitar. Antes havia sido o BC da Índia a fazer observação semelhante.
“Eu creio que o Brasil é um excelente exemplo do que não se deve fazer”, disse Carlos Gustavo Cano, co-diretor do BC colombiano, ao jornal Vanguardia Liberal, quando indagado se a alta dos juros no país não poderia levar a um cenário como no Brasil. ”Reagir tarde (contra a alta da inflação) é contraproducente e pode prejudicar a economia.”
A taxa de juros colombiana, que subiu em setembro para 4,75%, é cerca de 1/3 dos 14,25% do Brasil. A inflação colombiana também é muito menor: 4,74% em 12 meses até agosto, menos da metade dos 9,5% do Brasil.
O comentário do dirigente colombiano foi precedido em quase um mês por Raghuram Rajan, presidente do BC da Índia. Rajan, que comanda a política monetária de um país que poderá crescer mais que a China este ano, disse que o Brasil mostrou o perigo de se tentar crescer rápido usando juros subsidiados, estímulos e controles de preços.
As críticas dos dois dirigentes, em seu conteúdo, não diferem das feitas por economistas do mercado e por outros ligados a partidos de oposição brasileiros.
Essas críticas tem sido comuns desde o início do 1º mandato de Dilma, sobretudo após o BC, mesmo com a inflação acima da meta, ter decidido cortar os juros em 2011.
A situação atual é totalmente oposta à vista até a 1ª metade do governo Dilma. Em 2011, antes de começar a mudar a política econômica herdada de FHC e Lula, a presidente Dilma chegou a ser considerada pela Forbes a 2ª mulher mais poderosa do mundo, atrás apenas da alemã Angela Merkel.
Ainda em 2012, mesmo com as críticas internas aumentando, Dilma ainda se sentiu confiante para, em entrevista ao Le Monde, sugerir que Europa fosse menos ortodoxa e seguisse o exemplo de países emergentes que usavam incentivos para superar a crise.
Três anos depois, o Brasil realmente virou um modelo. Mas não exatamente um modelo a se seguir, como pensava Dilma.