Homem nada em piscina no topo de hotel na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (Mario Tama/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 3 de julho de 2017 às 13h17.
Última atualização em 3 de julho de 2017 às 13h41.
São Paulo - O Brasil tem 3.570 ultrarricos com uma riqueza conjunta de 451 bilhões de dólares, de acordo com o último relatório da consultoria Wealth X.
Mas 2016 foi um ano de quedas: 1,1% no número de membros do grupo e 9,6% no patrimônio.
Grande parte desta mudança pode ser atribuída à desvalorização do real, também relacionada à instabilidade política.
"Enquanto Estados Unidos, Japão, Índia e Indonésia geraram uma riqueza adicional substancial, perdas consideráveis foram registradas no Reino Unido, Rússia, México e Brasil. Movimentos cambiais foram um componente chave da sorte contrastante", diz o texto.
São definidos como ultrarricos aqueles com patrimônio líquido individual acima de 30 milhões de dólares.
No mundo, há 226.450 pessoas nessa categoria (3,5% a mais do que no ano anterior) com uma riqueza conjunta de US$ 27 trilhões (crescimento de 1,5%).
Apenas 12,8% são mulheres, 66,4% construíram o próprio patrimônio (não são herdeiros) e o setor financeiro é primeiro lugar entre as fontes de riqueza (apesar do setor de tecnologia estar despontando).
América do Norte e Ásia continuaram com crescimento forte nessa população em 2016, enquanto as regiões do Pacífico e Oriente Médio tiveram pequenas altas e América Latina e África perderam riqueza no topo.
Os 7 países com mais ultrarricos são, na ordem: Estados Unidos, Japão, China, Alemanha, Reino Unido, França e Canadá. O Brasil aparece em 14º lugar.
Cidades
A área metropolitana de Nova York consolidou sua posição como centro preferido da elite ao abrigar 8.350 destes multimilionários, crescimento de 9% sobre o ano anterior.
Em seguida vem Hong Kong (7.650 ultrarricos), Tóquio (6.040) e as áreas metropolitanas de Los Angeles (4.600) e Londres (3.630) - única queda no top 10, um efeito direto da decisão do país de sair da União Europeia, que derrubou a libra esterlina.
Das 30 cidades com mais ultrarricos, mais da metade está nos Estados Unidos. Áreas metropolitanas de cidades como Chicago, Washington, Dallas e São Francisco estão bem posicionadas.
Países como China e Alemanha tem uma dispersão grande da sua elite e por isso só aparecem com uma representante cada na lista de cidades, e bem para o final da lista.
O top 30 não tem nenhuma cidade da América Latina, da África, do Oriente Médio ou do Pacífico.
Futuro
A população global de ultrarricos deve encostar em 300 mil pessoas até 2021, o que significa 72 mil novos membros nos próximos anos.
A riqueza total chegaria a 35 trilhões de dólares, 8,7 trilhões a mais do que atualmente, tudo de acordo com o relatório da consultoria.
O relatório aponta mudanças no padrão de consumo desta elite, menos voltado para bens tangíveis (o jatinho ou o casaco) e mais para "experiências" de luxo (como viagens exóticas).
Um desafio a esse enriquecimento será o cerco cada vez maior das autoridades à evasão fiscal e aos paraísos fiscais, proporcionalmente mais utilizados pela elite da elite do que pela população em geral.