Economia

Brasil tem pouco espaço para enfrentar choque da China

A queda livre da bolsa na China chega em um momento dos mais inapropriados para o Brasil, que já vinha enfrentando séria dificuldade para superar dificuldades


	Notas de real: choque representado pela China pega o Brasil em momento delicado
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Notas de real: choque representado pela China pega o Brasil em momento delicado (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2015 às 17h18.

A queda livre da bolsa na China chega em um momento dos mais inapropriados para o Brasil, que já vinha enfrentando séria dificuldade para superar as dificuldades herdadas do 1º mandato da presidente Dilma Rousseff.

As commodities, principal item da pauta de exportações do Brasil e de muitos outros países emergentes para a China, têm registrado queda persistente desde meados de maio.

O índice Bloomberg de commodities atingiu nesta segunda-feira o menor nível desde 1999, após a bolsa da China despencar 8,5% e espalhar nos mercados o receio de uma desaceleração mais brusca do crescimento da 2ª maior economia do mundo.

Uma contínua desaceleração na China pode piorar a expectativa do mercado sobre indicadores que já vêm mostrando deterioração profunda, diz Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho, economista da Franklin Templeton Investments.

Na pesquisa Focus do Banco Central, economistas já preveem recessão tanto para 2015 quanto 2016.

O choque representado pela China pega o Brasil em momento delicado, com o governo enfrentando dificuldades políticas e sem condições de evitar a recessão e o aumento do desemprego, diz Gomes Filho.

“O Brasil não tem condições de promover sintonia fina na política econômica”. Ou seja, em vez de aumentar os investimentos para conter a recessão, o governo precisa cortar gastos para evitar a piora do déficit fiscal. “Como se diz no futebol, o Brasil está sem goleiro.”

Nos países desenvolvidos, projeções mais fracas para o PIB geralmente são acompanhadas pela melhora de expectativas de inflação, o que permite aos bancos centrais cortarem juros e eventualmente aos governos aumentarem gastos.

No Brasil, contudo, isso não ocorre devido à alta do dólar, que gera pressões inflacionárias, mas é necessária para ajustar o déficit em conta corrente, diz Gomes Filho.

A expectativa do mercado para o IPCA de 2016, que estava estabilizada em 5,40% até quatro semanas atrás, vem retomando a alta, ainda em ritmo modesto, e voltou a ficar 1 ponto acima do centro da meta, de 4,5%.

O PIB do 2º trimestre, que será divulgado pelo IBGE na sexta-feira, deve mostrar queda de 2,2% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo pesquisa Bloomberg com economistas.

Caso o dado se confirme, será o pior desde 2009, quando o Brasil vivia o auge da crise financeira global, apelidada inicialmente pelo ex-presidente Lula como ’’marolinha’’.

Em 2009, a crise foi profunda, mas rápida, com a retomada ocorrendo em 2010. A retomada, contudo, também teve duração curta. A economia vem desacelerando desde 2011 e o fundo do poço ainda não está à vista.

O Brasil devia ter ajustado a economia antes, diz o economista da Templeton. “Agora, em meio à tempestade, fica muito mais difícil”

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