Soja: nos quatro primeiros meses do ano, o Brasil já embarcou 23,8 milhões de toneladas do grão, alta de 14 por cento ante o mesmo período de 2016 (foto/Divulgação)
Reuters
Publicado em 2 de maio de 2017 às 17h10.
São Paulo - O Brasil exportou um recorde de 10,4 milhões de toneladas de soja em abril, superando a marca anterior de 10,1 milhões de toneladas no mesmo mês de 2016, em um momento em que uma safra recorde da oleaginosa chega com força ao mercado, apontaram nesta terça-feira dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Nos quatro primeiros meses do ano, o Brasil já embarcou 23,8 milhões de toneladas do grão, alta de 14 por cento ante o mesmo período de 2016.
O volume representa cerca de 40 por cento do volume total previsto para embarques neste ano, de 60,3 milhões de toneladas, conforme previsão da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
As fortes exportações ocorrem na esteira de uma produção também recorde no país, que deverá subir 16 por cento, para mais de 110 milhões de toneladas na atual temporada, segundo uma pesquisa recente da Reuters com 19 analistas e instituições do setor.
Os embarques recordes de abril foram registrados apesar de as empresas exportadoras estarem com dificuldades para firmar negócios, especialmente no médio e longo prazos.
Produtores de soja, retraídos devido aos preços mais baixos no mercado interno, têm vendido menores volumes na expectativa de uma eventual recuperação das cotações.
Somando-se os volumes de toda a cadeia de grãos (soja, milho e farelo de soja), o país revelou um novo patamar de capacidade exportadora mensal, totalizando 11,92 milhões de toneladas em abril, superando o recorde anterior de 11,89 milhões de toneladas de março do ano passado.
A cadeia do agronegócio do país tem se beneficiado com a expansão de operações no chamado Arco Norte, onde foram instalados novos terminais nos últimos anos, em regiões como Barcarena (PA) e São Luís (MA). Já em Santos foi realizada este ano uma grande expansão em um terminal da operadora logística VLI.
O destaque negativo no balanço mensal da Secex ficou para a carne bovina in natura, que teve o pior desempenho mensal desde abril de 2012.
No mês passado, o país embarcou 70,2 mil toneladas do produto, queda de 29 por cento ante março e recuo de 19 por cento ante abril de 2016.
O Brasil ainda se recupera da repercussão negativa junto aos compradores externos do escândalo revelado pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, em que fiscais sanitários foram flagrados em supostas irregularidades para liberar cargas para o consumo.
Diversos mercado importantes chegaram a interromper temporariamente as compras de carnes do Brasil. No setor de bovinos, a JBS --maior processadora do país-- deu férias coletivas para funcionários de diversas unidades, para adequar sua capacidade de produção aos impactos da Carne Fraca.
As exportações de carne de frango in natura recuaram para 293,5 mil toneladas em abril, queda de 15 por cento ante março e de 22 por cento ante abril de 2016.
Já os embarques de carne suína totalizaram 44,5 mil toneladas no mês passado, queda de 19 por cento ante o mês anterior e de 16 por cento ante um ano antes.