Economia

Brasil tem pior derivativo de crédito dos Brics

Com a inflação superando em um patamar elevado a taxa de crescimento, o país mostra um quadro de estagflação


	O preço dos credit-default swaps do Brasil sobre US$ 10 milhões em dívida subiu para US$ 128.000 no último mês
 (Marcos Santos/USP Imagens)

O preço dos credit-default swaps do Brasil sobre US$ 10 milhões em dívida subiu para US$ 128.000 no último mês (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2013 às 17h30.

O Brasil está perdendo valor no mercado de derivativos de crédito no ritmo mais rápido entre as maiores nações em desenvolvimento, com a inflação superando a taxa de crescimento no patamar mais elevado em três anos.

O custo para proteger os títulos públicos denominados em dólar contra perdas aumentou 21 pontos-base no último mês, para 128 pontos-base. Com isso, o preço dos credit-default swaps sobre US$ 10 milhões em dívida subiu para US$ 128.000.

Os derivativos de Rússia, China e do State Bank of India, um indicador para a nação, subiram menos ou caíram no mesmo período. Comprar proteção para a dívida brasileira está mais caro em relação à média de três meses do que qualquer outra nação nas Américas, exceto a Argentina.

Os investidores estão perdendo a confiança na habilidade brasileira de reanimar a economia, depois que pressões sobre os bancos para reduzirem as taxas de juros e exigências de menores tarifas de energia produziram crescimento de apenas 1 por cento no ano passado, de acordo com o Banco Central.

Ao mesmo tempo, intervenções no câmbio fizeram do real a moeda mais volátil da região. Os operadores estão aumentando as apostas de que o BC terá que elevar a Selic neste ano, depois que incentivos fiscais sobre bens de consumo levaram a inflação ao maior patamar em um ano no mês passado.

“O perfil de crédito do Brasil está se deteriorando”, disse Siobhan Morden, diretora de estratégia de renda-fixa para América Latina no Jefferies Group Inc, em entrevista por telefone de Nova York. “Se o Banco Central for forçado a elevar as taxas por causa da inflação no teto da meta e o crescimento estiver apenas começando a se recuperar, isso acabará afetando os spreads de crédito”.

A assessoria de imprensa do BC se recusou a comentar em comunicado por e-mail. O Ministério da Fazenda não respondeu imediatamante a e-mail com pedido de comentário.

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