Economia

Brasil renova acordo automotivo com a Argentina

Acordo foi prorrogado de 1o de julho para 30 de junho de 2015, segundo o Ministério do Desenvolvimento


	Fábrica da Fiat em Betim, Minas Gerais
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Fábrica da Fiat em Betim, Minas Gerais (Germano Lüders/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2014 às 20h37.

Brasília/Buenos Aires - Brasil e Argentina decidiram prorrogar em um ano o acordo automotivo, mas a renovação foi feita em bases mais vantajosas para a Argentina, que tenta equilibrar sua balança comercial em um momento de desaceleração da economia.

O acordo foi prorrogado de 1o de julho para 30 de junho de 2015, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil.

O documento assinado prevê a volta do sistema "flex" na proporção de 1,5. Isso significa que a cada dólar que a Argentina exportar para o Brasil em bens da indústria automotiva, poderá importar 1,5 dólar em produtos brasileiros com alíquota zero de importação. Anteriormente, a relação era de 1,95 dólar.

Segundo o ministério, o acordo promete dar mais previsibilidade e fluidez ao comércio bilateral, "dando margem de conforto à indústria brasileira".

A indústria automotiva do Brasil amargou queda de 13 por cento na produção de janeiro a maio, pressionada pelo tombo de quase 20 por cento nas exportações ante mesmo período de 2013 e por fraqueza do mercado interno. A Argentina é o principal destino das exportações de veículos do Brasil.

O comércio automotivo representa quase metade do fluxo comercial de 36 bilhões de dólares entre os dois principais membros do Mercosul. O déficit comercial da Argentina em veículos com o Brasil passou de 913 milhões de dólares em 2012, para 1,581 bilhão em 2013.

O acordo foi renovado após a Argentina afirmar que apenas aceitaria um pacto de longo prazo se ele assegurar que poderá equilibrar sua balança comercial com o Brasil.

"O que importa é o volume de comércio. E o 'flex' acordado favorece o pleno fluxo de comércio entre ambos os países", disse o ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges, a jornalistas, em Buenos Aires.

Montadoras de ambos os países também firmaram acordo para que a participação de veículos argentinos no mercado brasileiro seja de pelo menos 11 por cento. Na Argentina, ao redor de 44 por cento dos veículos licenciados são de origem brasileira.

A fatia de veículos argentinos no mercado brasileiro foi de pouco mais de 9 por cento em 2013, segundo dados da consultoria Abeceb.com.

"O fato do documento ter sido chancelado pelas presidentas Dilma Rousseff e Cristina Kirchner garante força política e é um passo importante para o setor dos dois países. Esse é mais um passo para uma medida mais ambiciosa a partir de 2015", disse Borges.

Apesar do acordo ajudar na retomada do fluxo comercial, a debilidade dos mercados domésticos do Brasil e da Argentina deve continuar pesando sobre as montadoras de veículos instaladas em ambos os países.

A produção de veículos da Argentina caiu 36 por cento em maio sobre um ano antes, pressionada pela queda de 39 por cento nas exportações e retração do mercado doméstico.

Segundo o ministério brasileiro do Desenvolvimento, o acordo desta quarta-feira tem três anexos. O primeiro fixa bases para discussão do acordo que vigora a partir de julho de 2015.

"Há previsão da construção de uma política industrial comum para o setor de autopeças. Além disso, como temas de discussão, estão novos requisitos de origem para favorecer desenvolvimento competitivo do setor de autopeças na região, a aplicação de normas técnicas comuns e a elevação dos níveis de segurança dos veículos produzidos nos dois países", afirmou o ministério.

O segundo anexo traz a nomenclatura técnica dos componentes contemplados no acordo e o terceiro trata de protocolo de intenções entre setores os setores de produção de veículos e autopeças de Brasil e Argentina.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaAutoindústriaCarrosIndústriaIndústrias em geralVeículos

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto