Economia

Brasil quer contratar 1.600 fiscais após EUA suspenderem carne

O secretário de Defesa Agropecuária disse que os fornecedores brasileiros estão trabalhando para se adaptar a requisitos mais rigorosos dos EUA

Carne: o governo norte-americano suspendeu as importações de carne um ano depois de abrir o mercado para o produto in natura (Nacho Doce/Reuters)

Carne: o governo norte-americano suspendeu as importações de carne um ano depois de abrir o mercado para o produto in natura (Nacho Doce/Reuters)

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Reuters

Publicado em 27 de junho de 2017 às 21h58.

São Paulo - O governo brasileiro admitiu nesta terça-feira que precisa de mais 1.600 fiscais em instalações frigoríficas, mas também questionou a rápida suspensão imposta pelos Estados Unidos aos embarques de carne bovina in natura.

O secretário de Defesa Agropecuária, Luis Rangel, disse à Reuters em entrevista que os fornecedores de carne brasileiros estão trabalhando para se adaptar a requisitos mais rigorosos do mercado norte-americano.

Rangel afirmou que alguns problemas levantados pelas autoridades de segurança alimentar dos Estados Unidos "seriam tolerados em outros mercados" e que nenhum sistema é infalível.

Na semana passada, o governo norte-americano suspendeu as importações de carne um ano depois de abrir o mercado para o produto in natura.

Funcionários dos EUA disseram que as inspeções de embarques descobriram problemas como abscessos, tecidos proibidos e material não identificado na carne.

Autoridades brasileiras disseram que a maioria dos problemas com a carne decorreu das vacinas.

Na segunda-feira, um sindicato dos fiscais disse que a indústria não tem inspetores suficientes para garantir a segurança do produto e culpou os cortes no Orçamento do governo.

Rangel admitiu que há uma escassez de fiscais. Ele disse que o ministério está buscando financiamento para contratar 1.600 novos inspetores, um efetivo que representa mais de 50 por cento do número atual de 2.800.

"Estamos pedindo 1.600 vagas, e não descartamos a possibilidade de contratação emergencial, caso haja, em casos específicos, um problema mais agudo de falta de pessoas", afirmou.

"O mercado americano é o mais exigente entre os mercados que servimos, então as empresas brasileiras terão de se adaptar, terão de seguir os requisitos de forma muito rígida", disse Rangel.

Segundo o secretário, o governo já está fazendo algumas mudanças após as questões levantadas pelas autoridades dos EUA.

O movimento dos EUA contra o maior exportador mundial de carne bovina surpreendeu as autoridades brasileiras, que disseram que trabalharão com as autoridades dos EUA para permitir que os envios de carne de bovino sejam retomados.

Em nota nesta terça-feira, o Ministério da Agricultura afirmou que o processo para reverter a decisão do governo norte-americano de suspender a compra da carne bovina in natura brasileira deve demorar pelo menos um mês, a partir da data do anúncio da restrição na semana passada.

Rangel disse que o processo é um pouco lento em função dos ritos que devem ser seguidos.

Uma missão técnica do Ministério da Agricultura vai aos Estados Unidos no início de julho para discutir o fim da suspensão, segundo Rangel.

Carta com respostas aos norte-americanos está sendo preparada pela equipe técnica e deve ser concluída até o fim de semana.

Somente após o retorno da missão é que o ministro Blairo Maggi vai aos EUA para tratar sobre o assunto pessoalmente com o secretário de Agricultura do governo do presidente Donald Trump, Sonny Perdue.

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