Escritório: outro problema identificado pelo estudo, é a alta rotatividade nos postos de trabalho no Brasil no setor formal (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2013 às 17h36.
Rio de Janeiro – Aumentar a produtividade do trabalho é o maior desafio do Brasil, no longo prazo, segundo o ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Marcelo Neri.
“A produtividade brasileira permanece estagnada desde a década de 1980, com pequenas recuperações nos últimos dez anos”, disse.
A declaração do ministro foi feita com base no relatório Determinantes da Produtividade do Trabalho lançado hoje (25) pela SAE na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no centro da capital fluminense.
De acordo com Neri, que também é presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o país está próximo do pleno emprego e precisa ganhar mais produtividade para garanir o crescimento sustentável.
“Agora quase todo o aumento da renda trabalhista vem pelo efeito salário com redução na quantidade de trabalho. Isso pode ser um sinal de limite, talvez torne a sociedade menos competitiva”, declarou.
O relatório faz parte da Conferência Internacional sobre Sustentabilidade e Promoção da Classe Média que começou hoje e reúne durante três dias representantes de organismos internacionais para debater o tema, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Banco de Desenvolvimento da Ásia e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Neri ressaltou que o crescimento inclusivo do país e a diminuição das desigualdades foram expressivos, de 2001 a 2011. “A renda dos mais pobres está crescendo mais que a dos mais ricos.
A renda dos mais pobres cresceu 85% entre 2001 e 2011, sendo mais da metade desse crescimento proveniente do aumento da renda do trabalho [55%]”, disse.
Apesar disso, o ministro lembrou que os ganhos da renda média vêm crescendo em ritmo menor nos últimos meses, que chegou a 3,32% em agosto passado, ante 5,2% em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Outro problema identificado pelo estudo, que usou dados da Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (Pnad), é a alta rotatividade nos postos de trabalho no Brasil no setor formal. Entre os quem têm renda até dois salários mínimos essa realidade é mais frequente. “Como os postos são poucos estáveis, isso inibe o investimento das empresas no trabalhador e do trabalhador nas empresas”, declarou.
Neri sugeriu políticas de treinamento das pessoas empregadas, visto que hoje a maioria das políticas investe em pessoas desempregadas.