Economia

Brasil pode virar quarto maior mercado de veículos

Expansão do crédito e juros mais civilizados podem fazer o país superar a Alemanha em vendas de veículos

Fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia: só este ano devem ser 50 mil carros fabricados a mais do que em 2009 (.)

Fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia: só este ano devem ser 50 mil carros fabricados a mais do que em 2009 (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - Com a queda dos juros para patamares mais civilizados e a facilitação do crédito, expandindo o número de consumidores, o Brasil pode se tornar o quarto maior mercado de veículos já em 2010, segundo reportagem da agência de notícias Bloomberg. O Brasil, hoje o quinto maior em vendas, deverá ultrapassar a Alemanha - mas permanecer atrás de China, EUA e Japão.

De acordo com o analista Guido Vildozo, da IHS Global Insight, uma das instituições mais respeitadas em previsões econômicas no mundo, a expansão do crédito no país aumentou a quantidade de potenciais compradores de automóveis em mais de 50%.

Jeff Schuster, diretor-executivo de prognósticos da economia da J. D. Power, consultora automotiva, concorda com o pesquisador da IHS. Os dois acreditam que este deve ser o ano em que o mercado brasileiro ultrapassará o alemão. "O Brasil é um mercado emergente, que está amadurecendo, e a Alemanha é um mercado já maduro", diz Schuster.

Em 2009, foram 3,1 milhões de veículos comercializados no Brasil, enquanto a Alemanha vendeu 4 milhões. A previsão é de que a quantidade de carros que chegará às ruas brasileiras neste ano será de 3,4 milhões, e os alemães comprem apenas 3 milhões de veículos. Essa queda é fruto do fim de um incentivo de 2.500 euros para os consumidores alemães que trocassem seus carros usados por novos.

"O mercado alemão ficou superaquecido no ano passado, e agora eles estão pagando o preço", afirma o diretor da J. D. Power. Em 2011, porém, a demanda deve voltar a crescer, e a Alemanha poderia retomar o posto de quarto maior mercado automotivo, segundo previsão da IHS, que espera ver só em 2015 uma consolidação do Brasil à frente da Alemanha.


Aquecimento no Brasil

Há dois anos, os empréstimos para o setor automotivo seguiam uma taxa de juros de 37% ao ano no Brasil. Hoje, no entanto, essas taxas já chegam a 25%. Além disso, o financiamento podia ser feito em, no máximo, 36 meses, e agora o prazo limite atinge mais de 80 meses. Segundo Vildozo, pesquisador da IHS, isso significa que 16% dos brasileiros podem comprar um carro zero quilômetro hoje - com as taxas anteriores, esse percentual era de 10%.

Com esse cenário, a indústria está investindo no país. Fabricantes nacionais e estrangeiros planejam investimentos de 23 bilhões de reais até 2013, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É um crescimento de 53% em relação ao período entre 2005 e 2008, quando foram investidos 15 bilhões de reais. "Nenhuma marca global pode correr o risco de ficar de foram deste mercado doméstico", afirma Alexandre Andrade, economista da Tendências Consultoria.

Só a Ford, quarta colocada em vendas no mês passado, vai investir 3 bilhões de dólares na América do Sul até 2015, com gastos 500 milhões de reais maiores no Brasil do que o planejado anteriormente.

Já a Peugeot Citroen vai gastar 1,4 bilhões de reais no próximo triênio com o mercado automotivo brasileiro. A Hyundai disse, em setembro, que construirá uma fábrica no Brasil em 2010 - o projeto havia sido suspenso anteriormente por causa da crise.

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