Brasil: protestos pelo país também podem comprometer a retomada econômica, segundo estudo da Maplecroft (Carlos Alkmin/Getty Images)
Felipe Giacomelli
Publicado em 20 de agosto de 2020 às 09h41.
Última atualização em 20 de agosto de 2020 às 09h47.
Um estudo divulgado pela rede americana CNBC aponta que o Brasil é um dos países do G20 (grupo das maiores economias do mundo) que terá a recuperação econômica mais complicada após a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. O mesmo vale para Índia e África do Sul.
A pesquisa Recovery Capacity Index, feita pela consultoria Verisk Maplecroft, analisou uma dúzia de fatores e indicou que problemas de governança, instituições enfraquecidas e protestos sociais constantes podem comprometer a capacidade de esses três países se recuperar. Como resultado, todos devem encolher em torno de 7% neste ano.
Além dos problemas sociais, Brasil, Índia e África do Sul estão entre os cinco países mais afetados pelo coronavírus em números de casos oficiais.
"Brasil, Índia e África do Sul, todos esses países apresentam risco 'elevado' de corrupção, segundo nossos dados", diz David Wille, da Maplecroft em uma fala ao site da CNBC. "Já Rússia, México e Indonésia estão próximos do risco 'extremo'", acrescentou.
"Corrupção, governos instáveis e/ou pouco efetivos limitam a habilidade de direcionar o orçamento para aqueles que mais precisam, aumentando os riscos de não conseguir reviver a economia mesmo depois do fim da atual crise", completou.
Outro problema apontado pelo estudo é que esses três países combinam um alto nível de pobreza com baixo capital humano.
Além disso, o Brasil foi apontado como país de "médio" risco em "conectividade", o que a Maplecroft considerou como o distanciamento físico entre uma pessoa e a rede digital do país. A África do Sul está no mesmo patamar que o Brasil, enquanto na Índia o risco foi considerado alto.
Os pesquisadores também apontaram que a instabilidade política e a sequência de protestos contra o governo também podem ser desafios para os três países na hora de retomar a economia. Segundo o estudo, o Brasil é um dos países com maior riscos de ter manifestações populares que desestabilizem o cenário atual nos próximos seis meses.
"Esses fatores vão exacerbar problemas sócio-econômicos pré-existentes, aumentando o desemprego e a insatisfação às respostas do governo à pandemia. Isso cria níveis muito altos de incerteza para os investidores, e protestos em larga escala têm potencial de impedir mesmo as economias mais consolidadas de se recuperar", explicou Willie.