Linha de produção de produtos de celulose: Brasil pode avançar em competitividade na indústria (Fabiano Accorsi/Exame)
Da Redação
Publicado em 29 de novembro de 2012 às 09h24.
São Paulo – O Índice de Competitividade Global para o Setor de Manufatura 2013, elaborado pela Deloitte e pelo Conselho Americano de Competitividade, apontou que o Brasil pode ser o terceiro país mais competitivo nesse segmento em cinco anos.
A pesquisa foi baseada nas impressões de 552 executivos de empresas de manufatura pelo mundo, em 23 setores diferentes da indústria, que apontaram enxergar oportunidades suficientes no Brasil para o país subir no ranking.
Para José Othon Tavares de Almeida, líder da Deloitte no Brasil para a indústria manufatureira, o resultado indica que os empresários entrevistados enxergam uma possibilidade de crescimento muito clara no Brasil. “O país vai crescer em taxas mais ou menos constantes nos próximos anos. Essa expansão, associada com condições de fornecimento de matéria prima e energia, e os eventos que estão por vir [como Copa e Olimpíadas], faz com que o mundo olhe para nós com melhores expectativas”, disse.
Assim, em cinco anos, o Brasil deve ficar atrás apenas da China (que já é a primeira colocada) e Índia (hoje em quarto lugar). Confira:
Como é | Como ficará em cinco anos | ||
---|---|---|---|
Posição | País | Posição | País |
1 | China | 1 | China |
2 | Alemanha | 2 | Índia |
3 | Estados Unidos | 3 | Brasil |
4 | Índia | 4 | Alemanha |
5 | Coreia do Sul | 5 | Estados Unidos |
6 | Taiwan | 6 | Coreia do Sul |
7 | Canadá | 7 | Taiwan |
8 | Brasil | 8 | Canadá |
9 | Cingapura | 9 | Cingapura |
10 | Japão | 10 | Vietnã |
O que ainda barra
A pesquisa detectou dez quesitos fundamentais para um país ser considerado competitivo para a indústria manufatureira: inovação por talentos, sistemas econômico, financeiro e tributário, custo e disponibilidade de mão de obra e materiais, rede de fornecedores, sistemas legal e regulatório, infraestrutura, custo e políticas de energia, atratividade do mercado local, sistema de saúde e investimentos governamentais em manufatura.
Em alguns pontos, o país já obtém sucesso. Um avanço maior, porém, ainda não aconteceu nas posições do país no ranking por alguns fatores específicos, como explica Othon.
Um desses pontos, frequentemente citado como deficitário em pesquisas de comparação entre os países, é a questão dos impostos. “Historicamente, temos um sistema tributário complexo, tanto no ambiente federal, quanto estadual e municipal. É um sistema que requer um número de horas trabalhadas por profissional muito acima do necessário em outros países, e isso é muito ruim”, afirma.
Outro item que afeta o desempenho do país é a taxa de juros, que ainda é alta. Assim, alguns segmentos que precisam de altos financiamentos, têm menos opções viáveis de captação em moeda local.
A infraestrutura deficitária, e o baixo nível educacional do país, que afeta no surgimento de talentos, também são fatores que têm impedido um avanço mais rápido.
Ponto para o Brasil
Apesar dos pontos negativos, o Brasil já tem alguns fatores que podem colaborar com o avanço da competitividade.
“O Brasil é um país que vive num ambiente democrático, sem questões climáticas tão significativas quanto em outros países, com uma forte área de commodities e importantes descobertas no setor de petróleo e gás”, afirma Othon.
Além disso, aponta o executivo da Deloitte, algumas medidas do governo também já estão sendo percebidas como positivas.
A recente redução de juros é um exemplo e já começa, aos poucos, baratear o custo de captação interna das empresas.
A desoneração em algumas áreas e programas como o Inovar-Auto são outros pontos positivos. O investimento em infraestrutura, com projetos para rodovias, aeroportos e, como ainda deve ser anunciado, portos, também ajuda o país, afirma Othon.