Economia

Brasil perde mais de US$ 30 bi por ano em fluxos ilegais

Brasil é o 6º país do mundo que mais sangra dinheiro ilegal para fora: US$ 217 bilhões entre 2003 e 2012; total dos emergentes supera US$ 6 trilhões

Economia (Getty Images)

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João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 15 de dezembro de 2014 às 20h00.

São Paulo - O fluxo ilegal de dinheiro para fora do Brasil foi de US$ 33,9 bilhões só no ano de 2012, uma leve queda em relação aos US$ 34,1 bi do ano anterior.

Nos 10 anos entre 2003 e 2012, a perda acumulada foi de US$ 217 bilhões - a 6ª maior entre todos os países. Só China, Rússia, México, Índia e Malásia estão na frente.

Entre os emergentes em geral, o fluxo ilegal cresce a uma taxa de 9,4% por ano - mais que o dobro do crescimento do PIB - e atingiu US$ 991 bilhões em 2012 e US$ 6,6 trilhões no total da década.

O número supera o total de investimento estrangeiro e ajuda ao desenvolvimento recebido por estes países no período. Em algumas regiões, como a África subsaariana e o Oriente Médio, a sangria foi ainda maior.

"Esse fluxo cresce mais e cobra um pedágio maior, como parte do PIB, em algumas das regiões mais pobres do mundo", diz Dev Kar, o economista-chefe do Global Financial Integrity, que fez o estudo.

Os dados foram divulgados hoje e foram calculados com base nas discrepâncias encontradas entre as balanças de pagamento dos países e nas faturas de comércio internacional.

Isso significa que os números devem ser ainda maiores, já que ficaram de fora coisas como o comércio de serviços ou em dinheiro vivo, faturas duplicadas e os recursos de atividades criminosas que não passam nem maquiados pelo comércio oficial.

“É simplesmente impossível atingir o desenvolvimento global sustentável sem que os líderes mundiais concordem em enfrentar essa questão de frente. É por isso que é essencial que as Nações Unidas incluam uma meta específica de cortar pela metade todo o fluxo ilegal relacionado ao comércio até 2030", diz Raymond Baker, fundador do órgão e especialista em crime financeiro.

As recomendações são uma melhora dos registros e da transparência e um sistema de troca automática de informações entre os países, incluindo paraísos fiscais - tema que voltou a chamar a atenção com o caso Luxemburgo e o avanço de medidas no âmbito do G-20 e da OCDE.

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