Guido Mantega enviou uma carta pedido a maior participação dos emergentes (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2011 às 21h00.
Brasília - O Governo brasileiro quer uma maior participação dos países emergentes para a escolha do sucessor do francês Dominique Strauss-Kahn no cargo de diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), destacou nesta quinta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Ele negou, no entanto, que o Brasil já tenha um candidato ao cargo. "Estamos discutindo procedimentos e critérios para que os emergentes participem ativamente (do processo de escolha do sucessor)", afirmou o ministro nesta quinta-feira à imprensa, ao ser interrogado sobre o possível candidato do Brasil.
Mantega, segundo nota de seu escritório, negou que o Brasil já esteja discutindo nomes para substituir Strauss-Kahn, que renunciou ao cargo na noite desta quarta-feira, quatro dias após ter sido preso em Nova York, acusado de tentativa de estupro de uma camareira de um hotel.
Antes da renúncia de Strauss-Kahn, Mantega já tinha enviado uma carta a seus colegas dos países do Grupo dos 20 (G20, bloco dos principais países ricos e emergentes) para pedir que fossem estabelecidos critérios adequados para a escolha do novo diretor-gerente do FMI.
"O Brasil sempre apoiou a posição de que a seleção deve ser baseada no mérito, independentemente da nacionalidade. Já se passou o tempo em que poderia ser remotamente apropriado reservar esse importante cargo para um cidadão europeu", assinala a carta, cujo conteúdo foi divulgado na quarta-feira pelo Ministério da Fazenda.
"Também já se passou o tempo em que algumas decisões podiam ser tomadas por um grupo exclusivo de países, como o G7. O G20 já substituiu o G7 como principal fórum para a cooperação econômica internacional", acrescenta a carta.
Segundo Mantega, o diretor-gerente do FMI deve ser uma pessoa altamente qualificada, com sólida formação técnica e política, e com experiência em cargos oficiais de alto nível.
O ministro destacou que o escolhido tem de representar um número maior de países-membros, estar disposto a impulsionar mudanças e reformas, e ser capaz de compreender a ampla variedade de desafios enfrentados nas diversas partes do mundo.
O diretor-gerente do FMI foi tradicionalmente um europeu em virtude de um acordo de cavalheiros feito no final da Segunda Guerra Mundial, que aponta também a Presidência do Banco Mundial a um americano.