O futebol não é mais o único atributo brasileiro que impressiona os EUA: investidores preferem nossa economia na hora de aplicar seus recursos (.)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2010 às 17h19.
São Paulo - O Brasil passou da quarta para a terceira posição no ranking dos países mais interessantes para receber investimentos internacionais, segundo estudo com dados da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). O país ultrapassou os Estados Unidos, que no ano passado ocupavam o terceiro lugar, tendo agora apenas Índia e China pela frente.
Segundo a pesquisa, elaborada pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), o cenário no Brasil é promissor. As empresas estrangeiras começam a se movimentar de olho nas perspectivas de consolidação em setores como o da indústria automotiva, agronegócios, varejo, e outros setores de alta tecnologia.
O estudo mostra que as economias em desenvolvimento, incluindo o Brasil, têm atraído mais investimentos chamados de "greenfield" (projetos que começam do zero) do que os países desenvolvidos. Em 2008, 47 investimentos deste tipo foram direcionados a países da África, Ásia e América Latina, um a menos do que nos países europeus e nos Estados Unidos. No ano seguinte, foram 48 nas economias em desenvolvimento e 46 nas desenvolvidas.
Movimento semelhante ocorre com os investimentos estrangeiros via fusões e aquisições. Apesar de não superar a média dos países desenvolvidos, o número de operações com estas características vem crescendo. Foram 22 em 2007 e 23 nos dois anos seguintes. Para 2010, a perspectiva é ainda melhor. Apenas no primeiro semestre, foram 25 investimentos estrangeiros via fusões e aquisições nas economias em desenvolvimento, dois deles no Brasil.
Entraves
Apesar dos dados otimistas, especialistas apontam que há ainda há muito que fazer. "Dizem que o Brasil é a bola da vez, mas como fazer com que o interesse em investir aqui se transforme em realidade?", questiona Hermann Wever, presidente do conselho consultivo da Sobeet. Ele afirma que o país precisa criar condições melhores para confirmar esta "atração" que exerce sobre as empresas estrangeiras.
A observação do executivo é motivada por outros dados do estudo da Unctad. Os números mostram que, nos últimos 10 anos, foram assinados 1004 tratados de investimentos no mundo. O Brasil, neste período, não assinou nenhum. Apenas outros 18 países, de uma amostra de 177, não elaboraram tratados.
Estes documentos, segundo o presidente da Sobeet, Luís Afonso Lima, são de caráter bilateral. Eles servem para estabelecer regras e parâmetros que melhoram as condições de investimentos de capital estrangeiro no Brasil. Além disso, protegem o capital nacional investido em outros países. "Esta é a nossa principal sugestão. Atacar esta deficiência de tratados de investimentos e tributos, para fazer as intenções virarem investimentos de fato", afirmou.