Economia

Brasil lamenta "ultimato" dos EUA sobre tarifas de aço e alumínio

EUA encerraram negociações, dando apenas opção ao governo brasileiro de escolher tarifação ou cotas de importação

Aço: "O governo brasileiro entende que as negociações terminaram, mas continua aberto ao diálogo com as autoridades americanas" (Stringer/Reuters)

Aço: "O governo brasileiro entende que as negociações terminaram, mas continua aberto ao diálogo com as autoridades americanas" (Stringer/Reuters)

A

AFP

Publicado em 3 de maio de 2018 às 18h33.

Última atualização em 3 de maio de 2018 às 21h01.

O Brasil afirma que foi forçado pelos Estados Unidos a escolher entre tarifas ou cotas restritivas às importações de aço e alumínio, apesar de Washington ter garantido nesta semana ter alcançado um "acordo preliminar" com o país sul-americano sobre esta disputa comercial.

O Brasil estava temporariamente isento de pagar as pesadas tarifas de 25% sobre as importações e aço e de 10% sobre as alumínio, anunciadas pelo governo de Donald Trump para proteger as indústrias. O governo negociava uma isenção completa desde março com as autoridades americanas.

Mas em 26 de abril o governo Trump comunicou ao Brasil que o país deveria optar pela imposição de tarifas ou pelo estabelecimento de cotas máximas de importação, "sem possibilidades de negociação adicional", afirmou o Ministério de Indústria e Comércio Exterior e Serviços (MDIC) em comunicado divulgado nesta quarta-feira (2).

Uma fonte do governo brasileiro disse à AFP que a decisão foi recebida como um "ultimato" das autoridades americanas.

"O governo brasileiro entende que as negociações terminaram, mas continua aberto ao diálogo com as autoridades americanas", disse o MDIC em um e-mail enviado à AFP nesta quinta.

Nesta segunda, Trump assinou duas notificações, nas quais deu um prazo extra para países como Argentina e Brasil para encontrar "mecanismos alternativos satisfatórios" antes de as tarifas começarem a ser aplicadas. O documento da Casa Branca não especifica as condições finais do acordo.

Contudo, o Brasil acredita que "muito dificilmente" os EUA vão reverter sua decisão de impor tarifas ou cotas aos produtos brasileiros, segundo a mesma fonte governamental, que pediu para não ser identificada.

O MDIC informou que os representantes do setor de alumínio "indicaram que a alternativa menos prejudicial a seus interesses seria suportar as sobretaxas de 10%", enquanto industriais do aço optaram pela imposição de cotas.

"Segundo informado pelo governo dos EUA, cabe agora a definição dos detalhes finais, no que se refere às cotas ou aplicação de sobretaxas", afirmou o MDIC por e-mail.

O Brasil é responsável por cerca de 14% de todas as importações americanas de aço e pede a isenção alegando a complementaridade das cadeias produtivas.

Segundo o governo, as exportações brasileiras não representam nenhuma ameaça para a primeira economia mundial, já que "cerca de 80% das exportações brasileiras de produtos semiacabados utilizados como insumo pela indústria siderúrgica" dos EUA.

Acompanhe tudo sobre:acoBrasilEstados Unidos (EUA)

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto