Blairo Maggi: ministro disse que haverá controle rígido sobre as cargas de café que venham a ser recebidas (Moreira Mariz/Agência Senado/Agência Senado)
Reuters
Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 14h26.
São Paulo - A importação de café robusta pelo Brasil está liberada, depois que uma instrução normativa com requisitos fitossanitários foi publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
"Está tudo resolvido", disse o ministro em uma conferência de imprensa em São Paulo, ao ser questionado se ainda seria necessário aguardar mais alguma publicação oficial.
Na semana passada, um grupo técnico no governo autorizou uma redução de 10 por cento para 2 por cento no imposto de importação de café robusta (conilon) para uma cota de 1 milhão de sacas, ou mensal de 250 mil sacas, até maio.
Contudo, uma autoridade do ministério chegou a dizer à Reuters que, além das especificações fitossanitárias, seria necessária uma outra publicação oficializando a cota.
As importações de café robusta, inéditas até o momento no Brasil, um grande exportador, foram um pedido da indústria, principalmente de café solúvel, que reclama da escassez de matéria-prima após forte seca afetar cafezais do Espírito Santos.
Por outro lado, agricultores e grupos políticos ligados à cafeicultura, se opuseram à liberação, afirmando que há estoques disponíveis no país.
"A situação em que nos encontramos é uma situação bastante delicada de falta de produto no mercado interno, que tem levado as indústrias de café solúvel... a uma extrema dificuldade, a ponto de termos perdido um mercado muito grande em janeiro e fevereiro, porque o café fora do Brasil está bem mais barato que aqui internamente", disse Blairo, após uma cerimônia oficial na capital paulista.
Além de líder na exportação de café da variedade arábica, o Brasil é o maior exportador mundial de café solúvel, fabricado em grande parte com grãos de robusta.
Blairo disse que haverá controle rígido sobre as cargas que venham a ser recebidas, para evitar a entrada de doenças nocivas aos cafezais do Brasil, outro ponto negativo destacado pelos opositores da importação.
"Teremos todo o cuidado com relação a pragas. Se alguma coisa aparecer, tenham certeza que esse café não será descarregado no Brasil", disse o ministro.
O ministro da Agricultura, ele próprio empresário do setor exportador de soja, disse que o atual patamar do câmbio está causando dificuldades aos agricultores brasileiros.
A moeda norte-americana tem sido negociada, nos últimos dias, na casa de 3,10 reais, ante mais de 4 reais um ano atrás.
"Isso traz problema para agricultura, para os exportadores... Abaixo de 3,60 (reais) é sacrifício", disse o ministro.
Por outro lado, ele estimou que os efeitos do real mais valorizado poderão ser superados, como ocorreu em 2011, quando chegou a ser negociado perto de 1,50 real.
"Todos nós achávamos que o iríamos quebrar (naquela época). Mas o mercado se ajusta... O grande problema é o prejuízo momentâneo", disse.