Crise e valorização do real prejudicaram as exportações de alto valor agregado, concluiu o Ipea (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2011 às 16h03.
Rio de Janeiro - O Brasil está exportando cada vez mais matérias-primas, principalmente minerais, e cada vez menos produtos de valor agregado, principalmente os de tecnologia intensiva, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A perda de competitividade e de mercado das exportações brasileiras de produtos com valor agregado se acentuou com a crise econômica global em 2008 e como consequência da forte apreciação do real frente ao dólar e do aumento da participação da China no mercado mundial, segundo o estudo.
"Desde os anos 1990, a participação destes produtos nas exportações brasileiras oscila ao redor dos 40%. Entre 2007 e 2010, esta participação saltou 10 pontos percentuais, alcançando 51% das exportações brasileiras", segundo o estudo.
"Nos últimos três anos, a 'primarização' da pauta de comércio do país não é apenas resultado de um desempenho excepcional das exportações brasileiras de commodities, mas também reflete a perda de participação - ou seja, de competitividade - do país no comércio internacional em todos os outros grupos de produtos, especialmente os mais intensivos em tecnologia", acrescenta o relatório do Ipea.
Segundo o instituto, com exceção das matérias-primas e do petróleo, todos os demais produtos de exportação do Brasil perderam participação no mercado mundial entre 2006 e 2009.
As exportações brasileiras de matérias-primas representaram 4,66% das exportações mundiais em 2009, contra 2,77% em 2000.
Esse aumento permitiu que a participação do Brasil no comércio mundial saltasse de 0,88% em 2000 para 1,26% em 2009.
Porém, no mesmo período, a participação das exportações brasileiras de produtos de alta intensidade tecnológica nas exportações mundiais caiu de 0,52% para 0,49%.
"Apesar do significativo avanço, é possível observar que os lucros estão concentrados no grupo de matérias-primas", conclui o estudo.
De acordo com o Ipea, antes da crise mundial, o Brasil chegou a ganhar um espaço significativo no mercado de produtos de média intensidade tecnológica, como automóveis, máquinas e equipamentos, que, no entanto, já foi perdido.
Como consequência, a participação do Brasil nas exportações mundiais de produtos de média e alta intensidade, que subiu de 0,57% em 2000 para 0,71% em 2006, caiu em 2009 para 0,60%.
Os principais produtos atualmente exportados pelo Brasil são ferro, açúcar, carne bovina e soja.