Economia

Brasil está prestes a deixar grupo das 10 maiores economias do mundo

País, que deve cair de 9° para 12° lugar neste ano, chegou a ocupar a 7ª posição em 2011. Pandemia foi a pá de cal sobre um cenário já bastante prejudicado

Economia braisleira (Adriano Machado/Reuters)

Economia braisleira (Adriano Machado/Reuters)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 9 de novembro de 2020 às 13h00.

Última atualização em 9 de novembro de 2020 às 13h39.

O Brasil está prestes a deixar o grupo das dez maiores economias do mundo.

Em nono lugar com o maior Produto Interno Bruto (PIB) em dólares, o país deverá cair para a 12ª posição ainda neste ano, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) compilados pelos pesquisadores Cláudio Considera e Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV).

O Brasil chegou a ocupar a sétima posição em 2011, quando o valor do seu PIB em dólares ficava atrás apenas do de Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França e Reino Unido. Naquele ano, algumas consultorias chegaram a prever que a economia brasileira passaria a britânica, ainda muito impactada pela crise financeira global de 2008, o que não se concretizou.

Com uma taxa de crescimento baixa e muito aquém de seus pares do BRICs nos anos que se seguiram, no entanto, o Brasil não foi capaz de manter a colocação. A pandemia do coronavírus foi a pá de cal sob o cenário já bastante prejudicado.

As maiores economias do mundo
20192020
PosiçãoPaísesPIB (trilhões US$)PaísesPIB (trilhões US$)
1EUA21,4EUA20,8
2China14,7China15,2
3Japão5,1Japão4,9
4Alemanha3,9Alemanha3,8
5Índia2,9Reino Unido2,6
6Reino Unido2,8Índia2,6
7França2,7França2,6
8Itália2,0Itália1,8
9Brasil1,8Canadá1,6
10Coréia1,6
11Rússia1,5
12Brasil1,4

"O principal fator que leva o Brasil a recuar três posições no ranking é a desvalorização cambial que, antes de tudo, é fruto de problemas internos, como o momento político conturbado e as incertezas quanto ao nosso futuro fiscal, que fizeram o risco país aumentar", diz Balassiano.

O real já se desvalorizou quase 40% em relação ao dólar desde o fim do ano passado, ressalta o economista. Para 2020, as previsões coletadas pelo Boletim Focus, do Banco Central, apontam para uma perda pouco acima de 30%.

Mesmo assim a situação poderia ser pior, já que as piores previsões sobre o tombo que economia poderia levar neste ano, feitas no começo da crise o coronavírus, não chegaram a se concretizar, graças ao auxílio emergencial de R$ 600 pago a 65 milhões de brasileiros. O FMI esperava um tombo de 9% para o país, que deverá encolher perto de 5%, segundo projeção de economistas de mercado.

Poder de compra

Além de levarem em consideração o valor do PIB em dólares dos países para o ranking, os pesquisadores também consideraram o critério de paridade de poder de compra (PPP), que estima o PIB com base no real custo dos preços e serviços, como se todos os países tivessem uma moeda comum, e não nas taxas de câmbio, que são voláteis e dão um peso desproporcional para quem tem moeda forte.

Por esse critério, o Brasil sairia da décima posição ocupada em 2019 para a oitava em 2020, ultrapassando Reino Unido e França que devem apresentar quedas mais acentuadas no PIB do que o Brasil.

"A desvalorização cambial vista neste ano foi muito grande, o que impacta mais a posição do país do que a queda do PIB, embora seja um dos países que mais vão encolher em 2020", diz Cláudio Considera.

O economista ressalta que, mesmo desconsiderando a desvalorização cambial por esse critério, não devemos desconsiderar que a desvalorização acentuada é um efeito da má performance da própria economia, levada por desconfiança e incertezas em relação ao futuro. "A desvalorização cambial é fruto dessas mazelas".

 

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