Economia

Brasil enfrenta resistência à sua competitividade agrícola

Países com os quais o Brasil negocia acordos querem sempre que o país seja menos competitivo na área da agricultura, segundo representante de ministério


	Soja: "todos têm medo da nossa agricultura”, afirma representante de ministério
 (Ty Wright/Bloomberg)

Soja: "todos têm medo da nossa agricultura”, afirma representante de ministério (Ty Wright/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2014 às 18h15.

Rio de Janeiro - O embaixador Paulo Estivallet de Mesquita, diretor do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores (MRE), disse hoje (8), no Rio de Janeiro, que os países e blocos com os quais o Brasil negocia acordos querem sempre que o país seja menos competitivo na área da agricultura.

Mesquita participou do 33º Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex), promovido pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Falando à Agência Brasil, o embaixador admitiu que esse movimento já ocorre em relação ao acordo comercial que o Brasil e o Mercosul estão negociando com a União Europeia.

“Essa é uma das grandes dúvidas, se esse acordo vai ser possível ou não. Em qualquer acordo, eles todos têm medo da nossa agricultura”.

No sentido contrário, a preocupação no Brasil e nos demais países do Mercosul é com a abertura da economia para produtos manufaturados no exterior.

“Existe a resistência deles à abertura da agricultura e, do nosso lado, nós temos a preocupação de não acabar com a nossa indústria. Nós não podemos expô-la a uma concorrência rápida. Essa é a dificuldade de concluir o acordo”.

O diretor ressaltou, entretanto, que isso não significa que não é possível alcançar o acordo com a União Europeia.

“Se ele for concluído, faz muita diferença para nós porque, como é um parceiro muito grande, a gente vai ter que fazer uma certa abertura para a concorrência industrial dela”.

Ele admitiu que isso abre espaço para Brasil e Mercosul negociarem depois com outros parceiros.

O embaixador relatou que, do lado interno, também há fatores importantes para as negociações com grandes parceiros.

Um deles é a questão tarifária.

“O fato de que as nossas tarifas são relativamente altas comparadas com outros países significa que, no momento em que abrir aqui [o mercado interno], eu suponho que vão ter empresas que enfrentam algumas dificuldades para se adaptar a isso”.

Mesquita lembrou que existe uma decisão do Mercosul de que todas as negociações fora da região têm de ser feitas em bloco.

Segundo o embaixador, as mesmas resistências existentes no Brasil a uma negociação em separado existem também no âmbito do Mercosul. “Se a gente negociar sem o Mercosul, vai continuar tendo os mesmos problemas: a resistência à nossa agricultura, os problemas industriais internos”.

Para o embaixador, se o Brasil fizer um acordo de livre comércio com um parceiro que responde por 25% ou 30% do nosso comércio exterior, como é o caso da União Europeia, “faz sentido” buscar acordos com todos os demais parceiros, inclusive os Estados Unidos e a China.

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