Pessoas com computadores: a internet será cada vez mais importante como parte da economia (Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 17 de fevereiro de 2014 às 19h47.
São Paulo - A atividade econômica está cada vez mais fora das fábricas e dentro dos computadores - onde ela é mais difícil de medir e encontra novos obstáculos para superar.
Com este problema em mente, a ICANN pediu para o Boston Consulting Group (BCG) avaliar onde há mais barreiras impedindo as pessoas e empresas de desfrutar dos benefícios da economia da internet - que se fosse um país, seria a 5a maior do mundo já em 2016.
O resultado não é bom para o Brasil. No ranking geral com 65 países, ficamos na 52a posição, atrás de Argentina, África do Sul e México e uma posição acima da China.
Em primeiro lugar, estão Suécia, Finlândia, Dinamarca e Suíça. Em último, Egito, Paquistão e Nigéria.
Critérios
Para criar este índice, chamado de "e-fricção", foram usados como critérios 55 fatores em 4 categorias. Infraestrutura, com metade do peso, diz respeito ao acesso, custo e velocidade das conexões.
Com peso de 1/6 cada, entram os obstáculos internos das indústrias (como falta de mão-de-obra qualificada) e do ponto de vista do consumidor (como sistemas de pagamento ruins e falta de proteção aos dados), além dos obstáculos "de informação", como a quantidade de material disponível na língua do país e o compromisso dos próprios governos com a liberdade dos conteúdos.
O Brasil está entre os últimos colocados do penúltimo grupo em todas as categorias. Em obstáculos de informação, o resultado é ainda mais negativo: estamos entre os 13 piores.
Exceções
De forma geral, a participação da economia de internet no PIB (Produto Interno Bruto) dos países com menos e-fricção é o dobro daquela nos países com mais obstáculos.
A Coreia do Sul é uma exceção importante: com uma das melhores infraestruturas e uma das piores acessos à informação, o país ficou em 25o no ranking geral de "e-fricção", mas ultrapassa todos os outros na "e-intensidade" econômica.
O Brasil também é ponto fora da curva, com uma economia da web responsável por 2,2% do PIB, mais até do que as dificuldades poderiam sugerir.
Reação
A economia da internet causa rupturas e cria novos desafios tributários, regulatórios e legais. Para melhorar o ambiente, os governos não tem escolha além de "fazer política de mundo real na velocidade de uma startup", segundo o BCG.
Para as empresas, a escolha é entre abraçar um mundo de possibilidades ou repetir o erro das indústrias como a fonográfica, que se agarraram a modelos de negócio antigos e agora tem que operar nos novos ambientes que se formaram sem sua participação.