Dilma Rousseff durante encontro com o premiê espanhol: segundo Dilma, esses projetos "requerem um ambiente econômico propício às empresas sócias" (Roberto Stuckert Filho/PR)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2012 às 17h05.
Rio de Janeiro/Madri - Brasil e Espanha vivem uma fase de fortalecimento de suas relações econômicas e empresariais devido ao "momento excepcional" que ambos os países atravessam no campo político, o qual foi materializado com a visita oficial da presidente Dilma Rousseff à Espanha.
Em uma entrevista coletiva ao lado do presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, Dilma afirmou nesta segunda-feira que a relação bilateral entre os países está em "um momento muito promissor", destacando a possibilidade de ampliar e diversificar os fluxos comerciais, além de estimular a participação das pequenas e médias empresas neste processo.
A prova desse dinamismo é a troca comercial entre ambos os países, que no último ano alcançou os US$ 8 bilhões, com exportações brasileiras em 4,7 bilhões e importações em US$ 3,2 bilhões.
Neste ano, apesar da crise na Europa, o comércio bilateral manteve um ritmo similar e, até outubro, o Brasil já tinha exportado à Espanha bens e serviços no valor de US$ 3,1 bilhões, enquanto as importações somavam US$ 2,9 bilhões.
"Temos uma relação muito intensa, que está em um momento excepcional", declarou à Agência Efe o embaixador da Espanha no Brasil, Manuel de la Cámara, que acompanha a visita de Dilma a Madri.
"As relações vão muito bem, como não poderia ser de outro modo", completou o embaixador ao lembrar que a Espanha é o segundo país que mais investe no Brasil, depois dos Estados Unidos, e que o Brasil também é o que recebe mais investimentos espanhóis depois do Reino Unido.
O montante acumulado do investimento espanhol no Brasil é de aproximadamente US$ 59,7 bilhões.
Cabe destacar que a forte presença das empresas espanholas no Brasil não é consequência de um movimento de capitais ao calor da crise, mas na confiança que há mais de duas décadas as companhias do país europeu vêm depositando no sul-americano.
As grandes companhias que desembarcaram no Brasil nos anos 90, como a Telefônica, o Banco Santander, a Repsol e a Endesa, entre outras, foram seguidas por inúmeras outras pequenas e médias empresas, um movimento que pode ter continuidade devido ao interesse brasileiro em ter participação espanhola nas obras de infraestrutura ligadas à realização da Copa do Mundo de 2014 e, principalmente, dos Jogos Olímpicos de 2016.
Em seu discurso na recente Cúpula Ibero-Americana, realizada entre sexta e sábado em Cádiz, Dilma destacou "grandes obras em matéria de logística e transportes, na produção e distribuição de energia, na prospecção de petróleo e gás, na rede de comunicações, além de importantes investimentos na área social".
Segundo Dilma, esses projetos "requerem um ambiente econômico propício às empresas sócias", citando especialmente "Espanha, Portugal e, sobretudo, os países latino-americanos".
Um projeto que desperta um interesse especial nos dois países é o da construção e operação de um trem de alta velocidade entre o Rio de Janeiro e São Paulo, cujo edital de convocação finalmente será publicado no próximo dia 26, após vários adiamentos.
"O tema das infraestruturas com os projetos que serão feitos no Brasil nos próximos anos em ferrovias, estradas, aeroportos é de muito interesse para nossas empresas", ressaltou o embaixador.
As concessões ferroviárias, incluindo a do trem de alta velocidade, podem chegar a R$ 91 bilhões, enquanto o orçamento para a modernização de estradas gira em torno de R$ 42 bilhões.
Segundo vários analistas, o Brasil também tem interesse na participação de empresas espanholas nestes grandes projetos porque o modelo ferroviário escolhido se aproxima ao usado no país europeu, que conta com empresas especialistas nesta área como a Renfe, a Ineco e a Talgo, entre outras.
"Nossas economias estão tão conectadas que tudo o que representar um maior crescimento da economia brasileira também é fundamental para nós", concluiu o embaixador espanhol.