Economia

Brasil é denunciado à ONU após vetar lista do trabalho escravo

O presidente do TST suspendeu a divulgação das listas depois de dois recursos impetrados pelo governo contra decisões anteriores da Justiça do Trabalho

Trabalho escravo: a denúncia foi iniciativa foi da entidade Conectas, que levou o caso ao Conselho de Direitos Humanos da ONU (Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Agência Brasil)

Trabalho escravo: a denúncia foi iniciativa foi da entidade Conectas, que levou o caso ao Conselho de Direitos Humanos da ONU (Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de março de 2017 às 18h34.

Última atualização em 20 de março de 2017 às 18h39.

Genebra - O Brasil foi denunciado na ONU nesta segunda-feira, 20, por conta da decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) de vetar, a pedido do governo, a lista de empresas flagradas com mão de obra análoga à escravidão.

A iniciativa foi da entidade Conectas, que levou o caso ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

No dia 7 de março, o ministro Ives Gandra Filho, presidente do TST, suspendeu a divulgação das listas depois de dois recursos impetrados pelo governo federal contra decisões anteriores da Justiça do Trabalho.

A decisão deu ao governo 120 dias para "reformulação e aperfeiçoamento" da portaria que cria a "lista suja".

Para a Conectas, trata-se de uma manobra para esvaziar o instrumento.

A sentença foi revertida no dia 14 de março após um pedido de liminar feito pelo Ministério Público do Trabalho.

Ainda assim, a entidade protestou na ONU apontando que essa era "a primeira vez que o Executivo federal se alinha com os interesses dos setores corporativos que se beneficiam da suspensão do documento".

"Qualquer decisão do Judiciário de suspender a lista com base no argumento de violação de liberdades individuais favorece as corporações privadas envolvidas em trabalho escravo em detrimento dos mais vulneráveis", afirmou a entidade no Conselho.

O Itamaraty pediu direito de resposta e insistiu que tem o "compromisso de longa data" com a erradicação da escravidão.

O governo ainda explicou que um grupo foi nomeado para reformular o instrumento e que uma nova versão deve estar pronta em julho.

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