Bandeiras do Mercosul: de acordo com estimativas oficiais, no último ano, o déficit da Argentina no comércio com seu vizinho foi de US$ 5,8 bilhões (Norberto Duarte/AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2012 às 14h24.
Mendoza - Brasil e Argentina concordaram nesta sexta-feira em suavizar os impedimentos que afetam o comércio bilateral, com especial atenção para uma nova estratégia para a indústria automotiva, no marco da Cúpula do Mercosul que acontece em Mendoza (Argentina), informaram à Agência Efe fontes oficiais.
O acordo para impulsionar o comércio bilateral acontece após as críticas feitas por empresários de ambos os países contra o que consideram políticas protecionistas adotadas pelos Governos, que se traduziram em uma queda da troca e do emprego.
O setor automotivo, um dos mais afetados, centralizou a reunião que nesta quinta-feira tiveram os ministros de Indústria do Brasil, Fernando Pimentel, e da Argentina, Débora Giorgi, que concordaram na necessidade de "redesenhar a política comum automotiva nos próximos anos", segundo as fontes consultadas.
Durante o encontro, acrescentaram, Débora considerou "prejudicial" para a Argentina o recente protocolo assinado entre México e Brasil sobre o comércio de automóveis, que levou Buenos Aires a anunciar esta semana a suspensão do Acordo de Complementação Econômica (ACE), assinado em 2002 por México e Mercosul.
"A Argentina expôs claramente sua posição e Pimentel não fez objeções. A reunião foi em muito bons termos e os dois saíram muito otimistas", segundo os porta-vozes governamentais argentinos.
Ambos os ministros, que combinaram voltar a se reunir na segunda quinzena de julho próximo, concordaram na necessidade de "compatibilizar" a política bilateral automotiva para "agilizar" o comércio e "atenuar o déficit" com países alheios ao Mercosul.
Pimentel e Débora também concordaram em "que os incentivos à indústria sejam semelhantes e em aceitar a relação em benefício do setor".
Esta semana, a unidade da francesa Renault na cidade argentina de Córdoba suspendeu temporariamente 1.600 trabalhadores por causa da queda nas exportações ao Brasil.
As exportações argentinas de automóveis diminuíram 26,5% nos primeiros cinco meses do ano em relação ao mesmo período de 2011, segundo dados da Associação de Fábricas de Automóveis Argentinas.
Os impedimentos comerciais bilaterais afetaram também outros setores da indústria argentina, como os produtos alimentícios, com a suspensão de mais de mil de trabalhadores nas firmas Nucete e McCain, segundo o jornal "La Nación".
De acordo com estimativas oficiais, no último ano, o déficit da Argentina no comércio com seu vizinho foi de US$ 5,8 bilhões, com um crescimento anualizado das compras ao Brasil de 23%.