Argentina: em 2012, o Brasil teve um superávit de US$ 1,5 bilhão em seu comércio com a Argentina, mas as vendas para o país vizinho vem se reduzindo. (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2013 às 14h06.
Brasília - O ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota disse nesta quinta-feira que o comércio entre o Brasil e a Argentina é "menos do que satisfatório" devido às restrições impostas pelo país vizinho.
Além disso, o chanceler destacou que a balança comercial passou a se inclinar para o lado argentino. "Não estamos mal, mas há áreas problemáticas que requerem maior atenção", declarou Patriota na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Patriota reconheceu que as exportações brasileiras para o país vizinho caíram "de forma acentuada" nos últimos meses, tanto que no primeiro trimestre de 2013 a Argentina teve um superávit de US$ 82 milhões na balança comercial bilateral.
Em 2012, o Brasil teve um superávit de US$ 1,5 bilhão em seu comércio com a Argentina, mas as vendas para o país vizinho vem se reduzindo e a tendência é que diminuam ainda mais no restante de 2013.
O ministro afirmou que o setores de "calçados e têxteis foram particularmente afetados por medidas restritivas" impostas pelo governo argentino, entre as quais citou polêmicas licenças de importação não automáticas.
Patriota acrescentou que nas últimas semanas surgiram "alguns sinais de preocupação" por supostos "benefícios a terceiros países" concedidos pela Argentina. Recentemente, industriais brasileiros denunciaram que o país vizinho está oferecendo uma série de vantagens comerciais à China.
Segundo Patriota, se for comprovado esse "desvio de comércio", a prática seria "contrária às tentativas de fortalecer o Mercosul", bloco integrado ainda por Uruguai, Venezuela e Paraguai (atualmente suspenso).
O ministro assegurou que esses problemas comerciais serão parte da agenda do encontro que a presidente Dilma Rousseff terá com a chefe de Estado da Argentina, Cristina Kirchner, em uma data "próxima" mas ainda não definida.
Essa reunião estava prevista para 7 de março na cidade de Calafate, no sul da Argentina, mas foi cancelada em função da morte do presidente venezuelano Hugo Chávez, ocorrida dois dias antes.
Embora tenha admitido a existência de problemas no comércio com a Argentina, Patriota insistiu que o diálogo político entre ambos os governos é de "altíssima qualidade".
Segundo o ministro, "não existe outro plano que não seja uma associação forte e cada vez mais consolidada entre Brasil e Argentina".