Economia

Brasil diz no G20 que medidas contra vírus são 10% do PIB

O porcentual é superior à média de 5,8% das economias avançadas e da de 4,1% dos países em desenvolvimento, de acordo com o governo

Coronavírus: Brasil foi um dos países do mundo mais afetados pela doença (Amanda Perobelli/Reuters)

Coronavírus: Brasil foi um dos países do mundo mais afetados pela doença (Amanda Perobelli/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de julho de 2020 às 15h31.

O impacto fiscal primário do programa brasileiro de apoio à economia em função da crise causada pela pandemia de covid-19 atinge quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) doméstico, mas as medidas ajudam a mitigar os reflexos negativos sobre o crescimento da atividade local. Estes foram algumas das observações feitas pelo Brasil durante a reunião financeira do grupo das 20 maiores economias do globo (G20), que ocorreu hoje de forma virtual sob a presidência da Arábia Saudita.

O porcentual é superior à média de 5,8% das economias avançadas e da de 4,1% dos países em desenvolvimento, de acordo com o governo. No encontro, o Brasil disse também que não vai tolerar infrações às leis locais de sustentabilidade, mas que também não cederá a pressões protecionistas.

O representante brasileiro pelo Ministério da Economia foi o secretário de Assuntos Econômicos Internacionais, Erivaldo Gomes. Do Banco Central, participou a diretora da Área internacional da instituição, Fernanda Nechio. Havia a previsão de que o ministro Paulo Guedes participasse do encontro, mas houve uma mudança de planos na última hora por causa da proximidade da entrega da proposta de reforma tributária ao Congresso - o ministro prometeu enviar o projeto na terça-feira. Ele participou da reunião de abril, mas não viajou até Fukuoka em 2019 para o mesmo evento.

Não há dúvidas para o governo de que as respostas do Brasil estão mitigando o impacto econômico da covid-19. "Agora, em vez de uma queda de 9% do PIB, conforme projetado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), esperamos cerca de 5%", comparou o secretário, salientando que a pandemia interrompeu a tendência de recuperação observada no Brasil. A estimativa mais recente da Economia é de queda de 4,7%.

"A perspectiva mundial permanece altamente incerta, pois muitos países estão enfrentando as consequências da covid-19. Embora a atividade econômica e a confiança tenham começado a se recuperar de níveis muito baixos, a produção deve ter um desempenho abaixo do esperado por um período prolongado", disse Gomes. "Agora, a pandemia requer um novo conjunto de ações políticas públicas", continuou sobre ações globais e também no nível doméstico.

Sobre as ações internas, ele disse ao grupo que o Brasil adotou um pacote abrangente de medidas para enfrentar os principais desafios à saúde, emprego e renda. "Nesse esforço, descentralizamos recursos significativos para Estados e municípios para não deixar ninguém para trás", explicou o secretário. Segundo ele, a ajuda de emergência atinge cerca de um terço da população brasileira, ou cerca de 64 milhões de pessoas. "Incluímos mais de 38 milhões de trabalhadores informais e socialmente vulneráveis para serem conectados aos nossos programas sociais a partir de agora."

Outras medidas citadas foram o Programa de Manutenção de Emprego e Renda, que salvou mais de 13 milhões de empregos formais, conforme Gomes, e o fundo governamental para melhorar os canais de crédito e fornecer garantias a empréstimos para Pequenas e Médias Empresas, com o benefício potencial a 3,2 milhões companhias.

Meio ambiente

Para o futuro, Gomes disse que o governo brasileiro se prepara para atuar em quatro pilares para melhorar a resiliência e promover o crescimento: implementação de reformas estruturais e investimentos em infraestrutura, fortalecimento da proteção social e geração de emprego, promoção de uma integração mais profunda do Brasil na economia global e compromisso com a proteção ambiental. Sobre este ponto, o secretário disse que o governo não vai tolerar práticas ilegais, mas também desconsiderará as "falsas narrativas baseadas em interesses protecionistas".

Comunicado

Já o comunicado da área de finanças do grupo das 20 nações mais ricas do globo (o G20) afirma que a expectativa é de que a atividade econômica global se contraia de forma intensa em 2020, mas que a recuperação deve começar "daqui para a frente" com a reabertura das economias. O documento afirma que essa reabertura deve ser gradual, e que no processo, o G20 está "determinado" a continuar a utilizar as ferramentas disponíveis para preservar vidas, empregos e dar suporte à economia e ao sistema financeiro mundial.

Em diferentes pontos do comunicado, o grupo reafirma que o objetivo é de produzir um crescimento econômico sustentável, balanceado e inclusivo. Além disso, o grupo também afirmou que as políticas fiscal e monetária vão continuar a operar de forma complementar "por quanto tempo for necessário", e que vai continuar a dar suporte para o comércio internacional, para os investimentos e para o fortalecimento de cadeias de valor.

"Reiteramos que o Plano de Ação do G20 é um documento vivo, que vai nos permitir responder prontamente à evolução da situação de saúde e da economia", escreve o documento, afirmando, em outro ponto antecipado pelo Broadcast, que os países-membros do G20 estão em estágios diferentes do enfrentamento à pandemia da covid-19, e que por isso, "novos passos são necessários."

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusG20PIB do Brasil

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto