Economia

Brasil dificulta recuperação da América Latina, diz estudo

A economia da América Latina deixou de piorar e esboça uma recuperação, com a grande exceção do Brasil, segundo estudo


	Notas de real: estudo mostra que a economia latino-americana sofrerá uma retração de 0,2% neste ano e crescerá 0,6% no próximo ano
 (Agência Brasil)

Notas de real: estudo mostra que a economia latino-americana sofrerá uma retração de 0,2% neste ano e crescerá 0,6% no próximo ano (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2015 às 20h59.

Rio de Janeiro - A economia da América Latina deixou de piorar e esboça uma recuperação, com a grande exceção do Brasil, que está imerso em uma recessão, segundo um estudo apresentado nesta quinta-feira pelo banco Itaú.

O estudo mostra que a economia latino-americana sofrerá uma retração de 0,2% neste ano e crescerá 0,6% no próximo ano, mas se fossem excluídos os números do Brasil, o resto da região teria uma expansão de 1,5% em 2015 e de 1,7% no ano seguinte.

O economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, afirmou que em toda a região a situação "se estabilizou" depois do "choque" produzido pela queda do preço das matérias-primas, o que desacelerou a atividade econômica, afetou a cotação das divisas destes países e causou inflação.

A exceção é o Brasil, onde não se vê "nenhum sinal" de melhoria e espera-se uma recessão de 3,2% neste ano e de 2,5% no próximo, segundo os dados do maior banco privado brasileiro, que são piores que as previsões oficiais.

Segundo o Itaú, os dados de crescimento melhorarão em países como o Peru (2,8% em 2015 e 3,8% em 2016), México (2,2% e 2,8%), Chile (2% e 2,5%) e Paraguai (3% e 4%).

Na Colômbia (3% e 2,8%) e Uruguai (2% em ambos anos) a situação se mantém praticamente estável e na Argentina (0,5% e -0,5%) a economia piorará pela necessidade do próximo governo "começar" a adotar as medidas de ajuste que são necessárias e ainda não foram tomadas, segundo Goldfajn.

O relatório do Itaú indica que a Argentina necessita fazer ajustes na taxa de câmbio dado que as reservas líquidas do país são inferiores a US$ 10 bilhões, também deve melhorar sua situação fiscal, controlar a inflação, que está em torno de 30%, e fazer frente a um cenário externo "adverso".

Segundo o banco, uma eventual vitória do candidato opositor à presidência, Mauricio Macri, "beneficia o país" porque "melhoraria" a relação do governo com o setor privado, contribuiria para "liberalizar gradualmente" o mercado de câmbio, seria "menos protecionista" e poderia conseguir um "acordo mais rápido" com os credores.

No caso do Brasil, o economista-chefe do Itaú disse que a recessão permanecerá enquanto não for alcançada uma solução para o problema do déficit fiscal, algo que julga complicado pela crise política que atravessa o país.

O Itaú calculou que o Brasil necessita fazer um ajuste, por meio de elevação de tributos ou do corte de gastos, equivalente a 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para conseguir recuperar o "equilíbrio" na dívida pública.

"Estes 3,5% são o que paralisam a economia", disse Goldfajn, que alertou que o investimento privado está "congelado" pela "incerteza" que produz a situação política e a falta de soluções ao problema fiscal.

Segundo o economista, os planos de austeridade que o governo pretende impulsionar estão na linha "correta", mas não saem do papel pelas "dificuldades" para sua aprovação no Congresso. 

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