Economia

Brasil cai 18 posições e perde de Ruanda em competitividade

País caiu 18 posições e ficou em 75º lugar no ranking anual de competitividade do Fórum; economia fraca e clima de pessimismo contribuíram para resultado


	Escritórios na Vila Olímpia, em São Paulo: o Brasil caiu 18 posições no ranking do WEF
 (Germano Lüders/EXAME)

Escritórios na Vila Olímpia, em São Paulo: o Brasil caiu 18 posições no ranking do WEF (Germano Lüders/EXAME)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 29 de setembro de 2015 às 19h08.

São Paulo - O Brasil caiu 18 posições e ficou no 75º lugar na última edição do ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, lançada hoje.

É a maior queda de todos os 140 países analisados e o pior resultado da história para o Brasil, que chegou a ficar em 48º em 2012 e vem caindo desde então.

Veja a trajetória:

  Posição no ranking
2006 66º
2007 72º
2008 64º
2009 56º
2010 58º
2011 53º
2012 48º
2013 56º
2014 57º
2015 75º

"Com um grande déficit fiscal e pressões inflacionárias em alta, a performance macroeconômica fraca do Brasil está impactando negativamente a competitividade do país. Os escândalos de corrupção minaram a confiança nas instituições", diz o texto.

O Brasil ficou atrás de todos os outros BRICS e até de economias como Vietnã (56º), Ruanda (58º) e Sri Lanka (68º). Outros emergentes também tiveram quedas expressivas, como Turquia (de 45º para 51º) e Bolívia (de 105º para 117º).

Nenhum país deu grandes saltos de um ano para o outro mas alguns melhoraram bem, como Irã (de 83º para 74º), Cazaquistão (de 50º para 42º) e Honduras (de 100º para 88º).

Na América Latina, os melhores colocados são Chile (35º) e Panamá (50º) e os piores são Paraguai (118º) e Venezuela (132º). O resultado é semelhante ao do ranking com menos países divulgado em maio pela escola de negócios IMD.

"O Brasil de 2015 está menos competitivo do que nos últimos anos. O desafio agora é criar uma agenda positiva que deveria e poderia preparar o país de amanhã", diz Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral e responsável pela coleta e análise dos dados do ranking no Brasil.

Os 10 países mais competitivos do mundo são, na ordem: Suíça, Singapura, Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Japão, Hong Kong, Finlândia, Suécia e Reino Unido (veja o top 15 detalhado).

Critérios

O Fórum Econômico Mundial define competitividade como o conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de um país. 

O relatório analisa 118 variáveis em 12 pilares, dos quais o Brasil teve queda em 9. As mais acentuadas foram em quesitos básicos (como instituições, ambiente econômico, saúde e educação primária) e em sofisticação e inovação do ambiente empresarial.

O que pesou bastante neste ano foi o clima negativo do país, já que grande parte das notas vem de um questionário respondido por 197 empresários entre março e maio e que revelou uma postura bem crítica. 

O país ficou perto das últimas posições nos itens Instituições (121º) e eficiência do mercado de bens (128º) e do mercado de trabalho (122º).

Levando em conta só os critérios objetivos, a queda seria menor. É preciso considerar também o efeito "Rainha de Copas": em competitividade, é preciso não só melhorar, mas melhorar mais do que os outros.

"O ranking é medido por distância do país mais avançado. No ano passado, o Brasil teve nota de 4,34. Esse ano, foi 4,08. Se tivesse mantido o mesmo número, teria caído muito pouco no ranking", diz Arruda.

Os pilares de infraestrutura, prontidão tecnológica e tamanho do mercado tiveram leves avanços, subindo duas posições cada. "Infraestrutura Aérea" subiu 18 posições.

Segundo os empresários questionados, os fatores mais problemáticos para fazer negócios no Brasil são, na ordem: nível dos impostos, regulação restritiva de trabalho, corrupção, oferta inadequada de infraestrutura e uma burocracia governamental ineficiente.

O Fórum destaca que a economia global deve crescer 3,3% este ano, menor valor desde 2009. Eles apelidaram esta mediocridade de um "novo normal" de desemprego mais alto e menor crescimento de produtividade enquanto o desenvolvimento tecnológico não se traduz em inovações e ganhos econômicos.

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