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Brasil busca acordo para impedir sanções ao Irã

Washington - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta, em parceria com o governo da Turquia, um acordo para impedir que o Conselho de Segurança das Nações Unidas adote sanções contra o Irã, país que resiste em permitir a fiscalização internacional de seu programa nuclear. A informação foi dada hoje (12), em Washington, pelo […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Washington - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta, em parceria com o governo da Turquia, um acordo para impedir que o Conselho de Segurança das Nações Unidas adote sanções contra o Irã, país que resiste em permitir a fiscalização internacional de seu programa nuclear.

A informação foi dada hoje (12), em Washington, pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante o primeiro dia da Cúpula de Segurança Nuclear, convocada pelos Estados Unidos e com a presença de representantes de 47 países.

“Se houver um ciclo de endurecimento recíproco, onde um país diz que aplica sanções e o outro diz que não vai fazer nada sob ameaças ou sob pressão, e aí isso vai num crescente.... E o que nós vimos na experiência mais recente foi muito trágico. E quando houve perspectiva de conversa, como em outros casos, houve solução. Nós achamos que ainda há tempo para isso”, disse Amorim.

O entendimento, segundo Amorim, leva em conta as negociações para que o Irã obtenha urânio enriquecido em 20%, nível utilizado para uso do mineral em atividades de fins pacíficos. A Agência Internacional de Energia Atômica quer que, em troca, o país islâmico entregue ao mesmo tempo todo o estoque de urânio que já dispõe. O Irã, no entanto, pede um prazo e exige uma condição: primeiro quer receber a encomenda para só depois entregar a sua parte.

O acordo faria parte do esforço para reduzir a pressão dos Estados Unidos, que exige sanções para forçar o governo de Mahmud Ahmadinejad a permitir as vistorias da Agência Internacional de Energia Atômica às instalações nucleares do país. Os Estados Unidos suspeitam que o Irã mantenha, secretamente, um programa para desenvolver armamento nuclear, e conta com o apoio de países como a Alemanha, França e o Reino Unido para impôr punições à Teerã.


As linhas gerais da proposta foram discutidas durante um encontro na tarde de hoje entre o presidente Lula e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, na residência oficial do embaixador brasileiro em Washington. Em outra frente, os norte-americanos atuam para alcançar o apoio suficiente com o objetivo de punir o governo iraniano.

Segundo a Casa Branca, o presidente da China, Hu Jintao, em reunião com o presidente Barack Obama, se mostrou favorável à adoção das sanções, caso o Irã não colabore com os emissários internacionais. A China resiste às sanções contra o Irã, e é um dos cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU.

Já o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, pediu o apoio do Brasil para punir o Irã, em reunião com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. O ministro brasileiro, no entanto, disse que a posição brasileira é cautelosa e propos uma saída “inteligente”.

“Eles [os norte-americanos] precisam analisar também o entorno estratégico do próprio Irã, onde tem a presença de países armados nuclearmente. Então precisa haver uma garantia ao Irã que eles também não vão ser atacados”, afirmou Jobim.

 

Gates e Jobim firmaram um acordo de cooperação militar que prevê a colaboração em área de treiamento, transferência de tecnologia e comércio entre os dois países. Segundo Jobim, o acordo pode facilitar a venda pela Embraer de 100 aviões Super-Tucanos para a Marinha dos Estados Unidos. O negócio envolve outros concorrentes, mas, segundo o ministro da Defesa, o termo assinado hoje facilitaria as negociações da empresa brasileira com o governo norte-americano.

O presidente Lula participa nesta noite de jantar oferecido pelo presidente Barack Obama, e amanhã (13) participa das discussões sobre como impedir a proliferação de armas nucleares e o terrorismo atômico.


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