Economia

Brasil analisará aumento de tarifa externa comum do Mercosul sobre trigo

A partir de outubro país precisará importar cerca de 5 milhões de toneladas do produto e pode privilegiar países vizinhos

Argentina, Paraguai e Urugual pediram aumento na tarifa (Júlio Bernardes/Arquivo)

Argentina, Paraguai e Urugual pediram aumento na tarifa (Júlio Bernardes/Arquivo)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Buenos Aires - O governo brasileiro analisará, na semana que vem, pedido encaminhado pela Argentina, pelo Uruguai e pelo Paraguai - os demais integrantes do Mercosul - para aumentar a tarifa externa comum (TEC) sobre importações de trigo provenientes de fora do bloco comercial. A informação foi divulgada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, durante coletiva na Embaixada do Brasil em Buenos Aires.

Segundo Rossi, que se reuniu na capital argentina com o colega Julián Dominguez, os três sócios do Brasil no Mercosul pedem que a TEC incidente sobre as importações de trigo seja aumentada dos atuais 10% para 35%. No ano passado, a Argentina forneceu 3 milhões de toneladas de trigo ao Brasil e afirma que continuará atendendo às necessidades do mercado brasileiro neste ano. O aumento da TEC seria uma maneira de evitar a concorrência com fornecedores europeus de trigo.

A partir de outubro, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de trigo deverá alcançar 5 milhões de toneladas. A Rússia e a Ucrânia, disse o ministro Rossi, já apresentaram proposta para vender mais 5 milhões de toneladas, completando as necessidades brasileiras do produto, mas o Brasil deverá privilegiar as vendas de seu sócio argentino no Mercosul.

A dúvida em relação ao assunto é sobre a capacidade da Argentina de concretizar a venda dessas 5 toneladas de trigo, isso porque a Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou recentemente que o país terá área plantada de 4,2 milhões de toneladas, em consequência da seca mais grave que atingiu o campo nos últimos 70 anos.

O governo argentino, por sua vez, prevê que a área plantada com trigo chegará, pelo menos, a 10 milhões de toneladas. Em tese, isso significa que haverá trigo suficiente para vender ao Brasil. Wagner Rossi disse que o governo ouvirá produtores do Rio Grande do Sul e do Paraná antes de tomar qualquer decisão sobre o pedido de aumento da tarifa externa comum referente ao trigo vigente no Mercosul.


Outro assunto tratado pelos dois ministros foi o problema representado pela possível imposição de barreiras argentinas contra a importação de alimentos industrializados do Brasil e da Europa. Uma determinação apenas verbal do secretário do Comércio Interior, Guilhermo Moreno, estabeleceu que tais barreiras entrariam em vigor no dia de hoje (1º) para proteger a indústria argentina que trabalha com produtos similares.

Não há uma proibição oficial das importações desse tipo de produto, mas empresários brasileiros informaram, recentemente, que houve queda nos pedidos de supermercadistas argentinos. Wagner Rossi afirmou que, "até onde foi informado", esse quadro já começou a ser revertido.

Durante sua rápida visita a Buenos Aires, Rossi e o colega argentino, Julián Domínguez, acertaram o cumprimento de uma rotina envolvendo encontros trimestrais em Brasília e em Buenos Aires, para troca de informações estratégicas que permitam buscar oportunidades no mercado internacional.

Juntos, Brasil e Argentina são, por exemplo, os maiores produtores mundiais de soja, ultrapassando inclusive os Estados Unidos. A partir dessa posição privilegiada, os dois países e outras nações sul-americanas querem marcar presença no mercado internacional.

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