Economia

Brasil acumula dívida de R$ 1 bilhão com a ONU

Dados oficiais da organização apontam que o Brasil acumula a segunda maior dívida, superada apenas pela dos EUA

ONU: são US$ 321,3 milhões que a ONU cobra do Brasil (Nicholas Roberts/AFP)

ONU: são US$ 321,3 milhões que a ONU cobra do Brasil (Nicholas Roberts/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de setembro de 2017 às 15h30.

Genebra - Prestes a ver o Brasil tradicionalmente abrindo sua Assembleia Geral em Nova York, a ONU revela que a dívida do governo de Michel Temer com a entidade ultrapassa a marca de R$ 1 bilhão.

De acordo com o Ministério do Planejamento, um depósito de US$ 30 milhões está sendo "processado" neste momento.

Dados oficiais da entidade, porém, apontam que o Brasil acumula a segunda maior dívida, superada apenas pela dos EUA. No total, são US$ 321,3 milhões que a ONU cobra do Brasil.

O governo deve US$ 221 milhões para as operações de paz da ONU, outros US$ 96,4 milhões para o orçamento regular da entidade e mais US$ 3,6 milhões para os tribunais internacionais.

No total, a ONU acumula dívidas de US$ 4,5 bilhões de seus Estados membros e, dentro da entidade, o temor é de que o governo americano reduza ainda mais seus pagamentos, colocando uma pressão ainda maior para que outros governos arquem com as contas.

Tradicionalmente, os EUA têm arcado com um quarto do valor do orçamento da ONU.

O presidente americano, Donald Trump, ainda convocou uma reunião de líderes internacionais para o dia 18 de setembro para aprovar uma declaração conjunta para indicar que quer uma reforma administrativa "profunda" na entidade.

Sua iniciativa foi interpretada por diplomatas estrangeiros como um alerta: ou os custos da entidade são dramaticamente reduzidos, ou o governo americano suspende parte de seu pagamento anual.

O presidente Michel Temer também estará em Nova York para a Assembleia Geral da ONU. Nos últimos meses, o governo brasileiro indica ter feitos esforços para pagar sua dívida com o sistema das Nações Unidas, incluindo o orçamento regular e ainda o funcionamento dos tribunais internacionais.

Em setembro de 2016, o buraco chegava a um valor inédito de US$ 424,9 milhões.

No início do ano, esse valor caiu para US$ 290 milhões depois que vários itens conseguiram ser quitados. Mas, agora, voltou a aumentar.

O déficit é um problema que perdura desde 2014, quando o governo de Dilma Rousseff suspendeu parte importante dos pagamentos para as entidades. Naquele momento, o calote já era de US$ 190 milhões com todo o sistema da ONU.

Ao jornal "O Estado de S. Paulo", diplomatas em Nova York revelam que chegaram a faltar em reuniões dos comitês de finanças da entidade que tratariam da dívida brasileira diante da falta de previsão de Brasília sobre como o buraco seria pago.

Ao assumir seu cargo de chanceler, José Serra indicou que iria trabalhar para pagar as dívidas e solucionar as pendências do Itamaraty com seus funcionários no exterior, muitos com pagamentos atrasados. Agora, os dados revelam que os pagamentos para a ONU continuam sendo um problema.

Resposta

No Brasil, o assunto é tratado pelo Ministério do Planejamento, que apresentou nesta quinta-feira, 14, números inferiores de sua dívida com a ONU. Segundo o governo, o total de "pagamentos pendentes com a ONU somam US$ 289,9 milhões".

Seriam US$ 96,4 milhões para o orçamento regular, US$ 184 milhões para operações de paz e US$ 8,7 milhões para os tribunais.

De acordo com o Planejamento, um depósito está sendo efetuado. "O governo está processando o pagamento de parte do valor referente à cota de 2017 da ONU Regular, no valor aproximado de US$ 30 milhões", indicou o ministério.

"Com relação aos demais organismos da ONU, o governo vem trabalhando no sentido de viabilizar os pagamentos dentro dos limites orçamentários e financeiros atuais", completou.

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