Economia

Brasil acredita em acordo com UE até o final do ano

Dois pontos da oferta não foram apresentados pelos europeus e são centrais para o Mercosul: etanol e carne

UE: o acesso a mercado envolve tanto agricultura quanto indústria (Philippe Huguen/AFP)

UE: o acesso a mercado envolve tanto agricultura quanto indústria (Philippe Huguen/AFP)

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Reuters

Publicado em 21 de agosto de 2017 às 18h23.

Brasília - O governo brasileiro aposta em um acordo favorável nas negociações entre Mercosul e União Europeia até o final do ano, mas uma fonte envolvida nas negociações disse à Reuters que as tratativas sobre acesso a mercados --ponto central do acordo-- ainda nem começaram.

"Acredito que feche sim até o final do ano. A parte dos textos tem avançado, houve mudanças no espírito europeu. Eles querem fazer agora", disse a fonte. "Falta agora a Europa colocar toda a parte de agricultura na mesa."

Dois pontos da oferta não foram apresentados pelos europeus e são centrais para o Mercosul: etanol e carne. Segundo a fonte, isso só deve acontecer depois das eleições na Alemanha, no final de setembro.

"Sem toda a oferta na mesa não podemos nem começar a discutir acesso a mercados", disse a fonte. "Eu perco a margem de negociação depois."

O acesso a mercado envolve tanto agricultura quanto indústria. Os europeus sempre tiveram mais dificuldade com o setor agrícola, com muitas políticas protecionistas regionais.

Já o Mercosul tem mais dificuldade com o mercado de manufaturados, onde os europeus podem ser mais competitivos.

Apesar da dificuldade europeia em apresentar todas as suas cartas, o clima é outro para a negociação, explica o diplomata, especialmente desde a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.

No Mercosul, a mudança de governo na Argentina colaborou para colocar os quatro países na mesma linha. Até o final do governo de Cristina Kirchner, o país era que mais colocava dificuldades em acertar uma proposta única e razoável para abrir as negociações.

Do outro lado do Atlântico, as mudanças no comando da UE apontavam para dificuldades nas negociações com a saída de José Manuel Durão Barroso, um defensor ardoroso do acordo, da presidência da Comissão Europeia. No entanto, a eleição de Trump, com sua visão protecionista, terminou por dar um empurrão para as negociações.

O presidente dos EUA deixou a o acordo com os países asiáticos e abandonou as tratativas para um acordo com a União Europeia.

"Governo Trump deu sinais de um enfoque protecionista enacionalista. Para a Europa pareceu importante dar um sinal contrário, de que apesar disso há regiões comprometidas com a visão de abertura de mercado", disse a fonte.

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