Bradesco: "A retomada do crédito vai depender do PIB", disse Trabuco (Adriano Machado/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 24 de agosto de 2017 às 21h25.
Última atualização em 24 de agosto de 2017 às 22h10.
São Paulo - O Brasil está saindo de um ciclo de retração do crédito e o volume de concessões de empréstimos tende a aumentar gradativamente a partir do fim de 2017, tendo as privatizações e licitações como motor de crescimento, afirmou nesta quinta-feira o diretor-presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco.
"A retomada do crédito vai depender do PIB e da taxa de investimento da economia", disse Trabuco a jornalistas em encontro de executivos da instituição com analistas e investidores, em São Paulo.
A projeção do Bradesco é de que o Produto Interno Bruto brasileiro suba 2 por cento no ano que vem, destacou o economista-chefe do banco, Fernando Honorato Barbosa, também presente no evento. "Estamos na ponta neutra (das estimativas do mercado), com viés para cima, mas tudo vai depender do ambiente político", comentou.
O segundo maior banco privado do país ainda projeta a inflação em alta de 4 por cento em 2018, e a Selic em 7,5 por cento ao fim deste ano. "Ouso dizer que talvez tenhamos o período mais prolongado de juros baixos na história", acrescentou o economista-chefe.
Por ora, a instituição vê diversos indicadores sustentando uma perspectiva de que economia pode sair de recessão dos últimos três anos, que para Trabuco foi um "real teste de estresse para o Bradesco e para todo o sistema bancário".
Perguntado sobre possíveis revisões em estimativas de inadimplência e provisões para o terceiro trimestre, o presidente do banco ponderou que todos os casos específicos já estão mapeados e que as renegociações com empresas estão feitas com reforços de garantias.
"Não vemos necessidade de revisão de 'guidance' porque a expectativa é de que a queda das margens será compensada por aumento no volume de operações", afirmou Trabuco, citando também o programa lançado na véspera pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Vamos ser ativos em capital de giro para pequenas e médias empresas", disse.
O diretor financeiro e de relações com investidores, Alexandre Glüher, afirmou que o segmento pessoa física já vem registrando mais pedidos de crédito, enquanto a carteira de pessoa jurídica encontra-se perto da estabilização, devendo registrar expansão mais perto do fim deste ano.
A aquisição do HSBC Brasil pelo Bradesco deve gerar 3,5 bilhões de reais em redução de custos e sinergias antes de impostos, informou Glüher. De acordo com ele, a integração sistêmica das operações foi concluída com sucesso e a captura de sinergias deve ser finalizada no fim de 2018.
O banco já registrou crescimento de 51 por cento nas linhas de crédito, e de 41 por cento em investimentos e previdência com os clientes oriundos do HSBC.
A bandeira Elo, do Bradesco e do Banco do Brasil, atingiu uma participação de mercado de 12 por cento desde sua implementação, acumulando 118 milhões de cartões emitidos, ressaltou o diretor vice-presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, que durante o encontro falou sobre a estratégia do banco para atacado e cartões.
Noronha também disse que o programa de fidelidade Livelo atingiu "break-even" em seu primeiro ano de operação, com mais de 15 milhões de clientes cadastrados.