Economia

Bradesco: juros e inflação em baixa se devem a aumento das reservas e teto

De acordo com economista-chefe do Banco, Fernando Honorato Barbosa, se a inflação não atrapalhar, taxa de juro real no Brasil deve cair a zero

Dinheiro: de acordo com o economista, se a inflação não atrapalhar, a taxa de juro real no Brasil deve cair a zero (Andree Nery/Getty Images)

Dinheiro: de acordo com o economista, se a inflação não atrapalhar, a taxa de juro real no Brasil deve cair a zero (Andree Nery/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de setembro de 2019 às 15h31.

Última atualização em 30 de setembro de 2019 às 15h36.

São Paulo — O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, disse que as quedas das taxas de juros e da inflação não aconteceram por um acaso. Se deram, de acordo com o economista, por conta do aumento das reservas externas do Brasil e pela adoção do teto dos gastos públicos. Honorato participou do 5º Congresso Brasileiro da Indústria de Máquinas e Equipamentos que a Abimaq realiza nesta segunda-feira, 30, em São Paulo.

"O Brasil tem hoje a menor taxa de juro da história e vai cair mais, por conta do teto dos gastos", disse. Reagindo a uma provocação do ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro, mediador do debate, o chefe do Departamento Econômico do Bradesco disse que, pessoalmente, não tem nada contra o investimento público e políticas fiscais anticíclicas, desde que haja espaço para isso.

"Há economistas de várias matrizes, mas eu, pessoalmente, não tenho nada contra investimentos e políticas fiscais anticíclicas. Isso é feito no mundo todo. Agora, desde que haja espaço fiscal para isso", disse o economista. Para Honorato, o teto dos gastos, por exemplo, não pode ser mexido.

"O teto dos gastos força uma discussão a respeito das prioridades orçamentárias. Uma já foi, a reforma da Previdência, e vamos para a próxima que é a tributária. Feito isso, você consegue equilibrar o orçamento para fazer o que todos querem. Não só o setor industrial, mas os bancos também", disse.

De acordo com o Honorato, só pelo fato de o juro de dez anos, que era mais de 108 pontos acima da média dos emergentes - na proporção de 7% dos emergentes e 14%, 15% no Brasil - já mostra que as coisas estão funcionando. "Hoje, 30 de setembro, a taxa nominal de dez anos no Brasil está em 7%. Estamos mais ou menos 1 ponto porcentual acima da média dos emergentes", disse.

Para ele, esta taxa está no coração do que é a nova estratégia da política econômica.

De acordo com o economista, se a inflação não atrapalhar, a taxa de juro real no Brasil deve cair a zero, como está ocorrendo em todo o mundo.

Mesmo após o corte seguido na Selic, o Brasil segue entre os oito países com os maiores juros reais do mundo.  Por aqui, a taxa real de juros é de 1,65% ao ano.

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