Cheque especial: segundo o presidente do Itaú, ainda é difícil avaliar qual será o efeito da medida nas receitas dos bancos (Alberto Chagas/Thinkstock)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de abril de 2018 às 15h21.
São Paulo - As novas regras de autorregulação anunciadas nesta terça-feira, 10, pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) representam um marco importante e um esforço do setor bancário para ampliar a conscientização e informação dos clientes, na avaliação do presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher.
Pelas regras, a partir de julho, os clientes que consumirem mais do que 15% dos recursos liberados na modalidade por mais de 30 dias serão convidados a fazer uso do parcelamento a taxas mais baratas. "Tudo isso são iniciativas para estimular o cidadão a ter uma melhor gestão de suas contas", afirmou a jornalistas, após participar do evento Itaú Macro Vision.
Bracher disse que ainda é difícil avaliar qual será o efeito da medida nas receitas dos bancos, visto que poderá ajudar a reduzir a inadimplência. "Naturalmente, a taxa sendo mais baixa a receita para o banco poderá ser menor, mas as pessoas podendo administrar melhor seu saldo devedor serão mais capazes de fazer frente a ele", explicou.
Sobre a queda dos compulsórios pelo Banco Central (BC), no fim de março, que cortou as taxas do depósito à vista e do da poupança, Bracher disse que faz parte do objetivo do BC de eliminar barreiras para a redução dos spreads.
Ele destacou que é preciso notar que houve redução do spread no depósito à vista, mas ao mesmo tempo o BC eliminou a prerrogativa da utilização do saldo dos caixas eletrônicos (ATMs) para dedução do depósito. Ou seja, a liberação de liquidez ocorreu de fato na redução do compulsório no depósito da poupança.
O presidente do Itaú afirmou que a redução do spread é algo benéfico, mas que deve ser sustentável. "Para ser sustentável é preciso que os fatores que determinam o custo do crédito caiam de forma consistente", disse.
Ele destacou que um dos pontos relevantes é o do funding, que vem caindo muito acentuadamente, com a expectativa da Selic podendo ir ainda para 6,25% ao ano, mas há outros fatores como a inadimplência.
"A inadimplência no Brasil é impactada pela grande dificuldade de recuperar garantias, pela morosidade da Justiça, o que faz com que a perda por cliente que ficou inadimplente seja mais elevada do que em qualquer outro país", afirmou.
Outra medida que irá contribuir para a redução dos spreads, frisou, será a criação do Cadastro Positivo, que permitirá aos bancos ver o histórico dos bons pagadores, para poder cobrar uma taxa de juros mais baixa. "Há uma série de medidas nessa direção que irão permitir a redução paulatina do spread bancário", disse.