Economia

Bolsonaro minimiza caos no mercado brasileiro por petróleo e coronavírus

A bolsa paulista teve o pior dia em mais de duas décadas nesta segunda, em sessão marcada por circuit breaker após quedas no preço do petróleo

Jair Bolsonaro: em dia de caos, presidente defendeu o desempenho da economia (Alan Santos/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro: em dia de caos, presidente defendeu o desempenho da economia (Alan Santos/PR/Flickr)

R

Reuters

Publicado em 9 de março de 2020 às 21h00.

O presidente Jair Bolsonaro minimizou o caos no mercado financeiro brasileiro nesta segunda-feira, colocando a responsabilidade pela turbulência nos preços do petróleo, depois de afirmar durante discurso em Miami que os números da economia vem mostrando que o Brasil começou a se arrumar.

"Os números de hoje têm a ver com o preço do petróleo", disse Bolsonaro durante encontro com membros da comunidade brasileira na Flórida. Além disso, o presidente lembrou do novo coronavírus e disse acreditar que esteja sendo superestimado o poder dessa epidemia.

A bolsa paulista teve o pior dia em mais de duas décadas nesta segunda, em sessão marcada por circuit breaker após decisões da Arábia Saudita derrubarem os preços do petróleo e elevarem as incertezas a um mercado já afetado por temores sobre os reflexos do coronavírus na economia global. Ao mesmo tempo, o dólar atingiu novos recordes históricos, aproximando-se de 4,80 reais.

Bolsonaro defendeu o desempenho da economia, elogiou a realização da reforma da Previdência e disse que "temos duas grandes reformas pela frente", referindo-se às mudanças administrativas e tributárias.

Os mercados brasileiros seguem na expectativa para o andamento dessa reformas, consideradas essenciais para a retomada da economia este ano. A reforma administrativa ainda precisa ser enviada pelo governo ao Congresso, enquando a segunda já começou a andar no Legislativo, mas ainda sem as sugestões do Executivo.

Orçamento

O presidente afirmou ainda que se até o dia 15 de março o Congresso desistisse da proposta de manter o controle sobre 15 bilhões de reais do Orçamento, as manifestações marcadas para aquele dia poderiam nem acontecer, ou ao menos não terem a mesma força.

Os 15 bilhões de reais do Orçamento que ficaram sob o comando do Congresso, como emendas do relator, são parte de um acordo negociado entre o Executivo e os parlamentares --com aval do presidente-- para permitir a manutenção dos vetos de Bolsonaro a partes da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019 que tratavam do Orçamento Impositivo e aumentavam o poder do Congresso de definir a alocação e prazos das emendas parlamentares.

Ao falar para cerca de 300 apoiadores, o presidente afirmou que os políticos devem “obedecer o povo” e que o que o povo quer agora é que o Parlamento “não seja dono de 15 bilhões de reais”.

Grupos de apoio ao presidente convocaram as manifestações de 15 de março, alguns deles com o objetivo de protestar contra o Congresso e o Judiciário.

Em seu discurso em Miami, no entanto, o presidente ressaltou que, para ele, a manifestação do próximo domingo não é contra o Parlamento ou o Judiciário.

Eleições

Bolsonaro disse, ainda em Miami, que em breve poderá apresentar evidências de que teria vencido as eleições de 2018 no primeiro turno se não tivesse ocorrido algum tipo de fraude.

Segundo o presidente, é preciso encontrar uma nova forma de apuração das eleições para evitar esse tipo de problema.

Bolsonaro afirmou ainda que acredita que teve uma votação muito maior do que efetivamente foi computado, derrotando o petista Fernando Haddad já no primeiro turno.

Acompanhe tudo sobre:IbovespaJair BolsonaroOrçamento federal

Mais de Economia

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta