Bolsonaro: em entrevista, o candidato afirmou que vai modificar reforma proposta por Temer (YouTube/Band/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2018 às 12h17.
Última atualização em 10 de outubro de 2018 às 14h31.
Brasília - O candidato Jair Bolsonaro (PSL) disse na terça-feira (9) que vai fazer sua própria proposta para a reforma da Previdência e que o projeto enviado ao Congresso pelo governo Michel Temer não tem chance de ser aprovado.
"Acredito que a proposta do Temer como está, se bem que ela mudou dia após dia, dificilmente será aprovada. A proposta deve ser mais consensual."
Segundo o candidato, em seu eventual governo as mudanças previdenciárias serão tratadas "vagarosamente".
"Se você fizer com calma e devagar, você chega lá", afirmou. "Não é como muitos querem. Não adianta querer botar remendo novo em calça velha."
Na avaliação do candidato, o grande gargalo da Previdência é o serviço público. "Por exemplo, um homem do serviço público se aposenta hoje com 60 anos. Vamos botar 61. Você aprova. Se você botar 65 logo de cara, você não vai aprovar porque a esquerda vai fazer uma campanha enorme, dizendo, por exemplo, que no Piauí a expectativa de vida é de 69 anos de idade", afirmou.
Mais cedo, o coordenador político da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), já havia declarado que a reforma proposta por Temer não faz parte do programa de governo do candidato e que a base dele não deve se movimentar, caso seja eleito, para a aprovação do texto - que já foi aprovado em comissão na Câmara - ainda neste ano.
"Não tem no plano, não tem nas conversas", disse. "O Jair não era a favor dessa reforma e a maioria das pessoas que o apoiaram não são a favor dessa reforma porque ela é ruim. É uma porcaria e não resolve nada", disse.
Entre outros pontos, a proposta de reforma da Previdência enviada pelo governo Temer em dezembro de 2016 estipula idade mínima de 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres) para se aposentar no Brasil, com uma regra de transição de 20 anos.
Segundo a equipe de Temer, a proposta original enviada ao Congresso significaria uma economia de R$ 800 bilhões em dez anos nas contas da Previdência. No entanto, o governo precisou ceder e afrouxar as regras, o que fez com que a economia estimada também caísse.
Segundo o Onyx, cotado para ser o ministro da Casa Civil de um eventual governo Bolsonaro, os programas de governo do capitão da reserva começarão a ser construídos, caso ele seja eleito, em 2019 e não antes. O presidente Temer disse que conversaria com o eleito para tentar aprovar a reforma que está na Câmara ainda este ano.
Para isto, interromperia a intervenção militar no Rio de Janeiro. A suspensão da intervenção é necessária já que a reforma previdenciária que está no Congresso é feita por uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que não pode ser votada com um Estado sob intervenção.
"Por que no plano de governo do Jair não tem plano específico? Porque isso é uma armadilha que os marqueteiros impuseram aos políticos", disse.
"Se o Jair for escolhido, nossas ações iniciam só em 2019", afirmou Onyx. O deputado é cotado para ser ministro-chefe da Casa Civil de um eventual governo do governo do capitão reformado.
Bolsonaro disse ainda que vai "acabar com as incorporações" salariais no momento da aposentadoria. Ele afirmou também que não pode tratar o policial militar e os membros das Forças Armadas da mesma forma que os outros trabalhadores.
Em referência aos servidores públicos, o candidato disse que vai "acabar com essa fábrica de marajás" e "fazer uma reforma da Previdência justa".
"Tem muitos locais no Brasil que o servidor público tem um salário X e tem um cargo de comissão que, depois de oito e dez anos, ele incorpora (no salário) o cargo de comissão."
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo e o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), há uma contradição na equipe de Bolsonaro sobre a necessidade da Previdência.
O coordenador do programa econômico, Paulo Guedes, já fez menções à necessidade de uma reforma previdenciária para "anteontem" e lembrou que Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se ofereceram para tentar votar a proposta depois das eleições.
O vice, general Hamilton Mourão (PRTB), também defendeu, em sabatina no banco BTG Pactual, que a proposta fosse aprovada antes da posse do novo presidente.
No programa de Bolsonaro é defendida a introdução paulatina de um modelo de capitalização, em que o governo retira os recursos do trabalhador, mas o coloca em um fundo para ser sacado no futuro, com correção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.