Economia

Bolsonaro encara quase R$ 200 bilhões em títulos a vencer no dia da posse

Mas diante de inflação controlada e otimismo com a formatação de sua equipe econômica, o custo da rolagem não deve pesar

O Presidente eleito Jair Bolsonaro, fala com a imprensa após reunião com os futuros comandantes das Forças Armadas, no Comando da Marinha, em Brasília. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Presidente eleito Jair Bolsonaro, fala com a imprensa após reunião com os futuros comandantes das Forças Armadas, no Comando da Marinha, em Brasília. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 15 de dezembro de 2018 às 08h00.

Última atualização em 15 de dezembro de 2018 às 08h00.

Jair Bolsonaro deve subir a rampa do Planalto no dia 1 de janeiro e sua equipe econômica encontrará a maior fatura do ano da dívida pública para pagar.

Um valor aproximado de R$ 197,4 bilhões em títulos públicos vencerá no dia em que futuro presidente tomará posse. Com inflação controlada e otimismo com a formatação de sua equipe econômica, o custo da rolagem não deve pesar.

Vencimento engloba R$ 143,2 bilhões em poder do mercado e outros R$ 54,2 bilhões na carteira do Banco Central, segundo dados atualizados pela assessoria de imprensa da Fazenda em 13 de dezembro.

O Tesouro reitera que mantém uma “reserva de liquidez” que pode ser utilizada para antecipar períodos de maior concentração de vencimentos, reduzindo assim o risco de refinanciamento. Esse colchão é suficiente para honrar período superior a seis meses de vencimentos da dívida em mercado, diz.

Nesta quinta-feira, o Tesouro já começou a se preparar para o vencimento e elevou o lote ofertado de LTNs em leilão primário para 7 milhões de papeis, o maior volume agregado desde maio. A oferta foi absorvida em sua totalidade pelo mercado.

"Brasil não tem problema em rolar vencimentos", diz Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores. A eleição de Bolsonaro retirou dos ativos o prêmio de risco embutido para o receio de um retorno do PT ao Executivo.

Operadores consideram que ainda é prematuro ao novo governo se enveredar com uma emissão no mercado externo logo no início do governo em janeiro, quando os fundos tendem a montar portfólios para o ano em um contexto que tende a ter mais liquidez.

"Este ano é atípico e investidor pode esperar por mais definição", diz Carlos Menezes, gestor da Gauss. O atípico é a soma de um cenário externo bastante incerto com relação a crescimento de países como EUA e China, guerra comercial, Brexit e ao mesmo tempo um cenário local com expectativas bastante otimistas, mas muito dependentes de reformas, diz Menezes.

O Brasil está ausente do mercado externo desde janeiro de 2018, quando fez reabertura do bônus Global 2047, com o qual captou US$ 1,5 bilhão à taxa de retorno de 5,6% a.a. e ao spread de 271 pontos-base acima da Treasury.

O Tesouro reiterou que monitora constantemente as condições de mercado para emissões externas.

"Adicionalmente, informamos que o Tesouro manterá sua política de atuação qualitativa no mercado externo, com o objetivo de consolidar curvas de financiamento externas líquidas e eficientes, negociadas com termos e condições adequados, que possam servir de referência para o setor corporativo", disse a assessoria do Ministério da Fazenda por email.

Na avaliação de Menezes, da Gauss, o Tesouro tende a ser o mais previsível possível para evitar ruídos. "Entendo que ele pode ousar e partir para uma emissão mais longa, como NTN-F 2031, mas as maiores apostas estão na manutenção das atuais NTN-F 2025 e 2029."

Acompanhe tudo sobre:Dívida públicaJair BolsonaroTesouro Nacional

Mais de Economia

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade