Economia

Bolsonaro diz que economista Paulo Guedes não é só "cartão de visita"

Em evento para o setor sucroalcooleiro, candidato do PSL citou assessor, procurando reforçar o discurso liberal

Jair Bolsonaro: “Não podemos abrir as nossas terras agricultáveis (...) A China está comprando o Brasil” (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Jair Bolsonaro: “Não podemos abrir as nossas terras agricultáveis (...) A China está comprando o Brasil” (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 18 de junho de 2018 às 17h26.

São Paulo - O pré-candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, disse nesta segunda-feira que a escolha do economista Paulo Guedes para assessorá-lo não foi apenas para “cartão de visita”, procurando reforçar o discurso liberal que vem adotando em questões econômicas.

“Nem ele aceitaria isso. É o meu consultor no momento”, garantiu Bolsonaro durante apresentação em evento de presidenciáveis organizado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em São Paulo.

Ele também defendeu que a Petrobras tenha uma política de mercado para os preços dos combustíveis, mas criticou o monopólio da estatal. Bolsonaro também apontou a necessidade de um preço mínimo para o frete, ao mesmo tempo que criticou o tabelamento.

O presidenciável aproveitou para voltar a criticar as aquisições chinesas no Brasil, especialmente de terras, e afirmou que a segurança alimentar do país está em risco.

“Não podemos abrir as nossas terras agricultáveis”, disse. “A China está comprando o Brasil.”

Lula

Líder das pesquisas de intenção de voto nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro disse que seria um “esculacho” se a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal aceitar um recurso da defesa e decidir soltar o petista.

O ex-presidente está preso há mais de dois meses cumprindo pena pela condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso de tríplex do Guarujá (SP). Lula, que alega inocência e diz ser alvo de perseguição política, deve ter sua candidatura impedida devido à Lei da Ficha Limpa.

Sem perder a chance de criticar os governos petistas, Bolsonaro disse que a ex-presidente Dilma Rousseff tinha “rascunhado” a decretação de estado de defesa na época de seu impeachment, mas recuou após ser informada de que não teria apoio do Exército para a medida.

“A senhora Dilma Rousseff tinha rascunhado o decreto de estado de defesa, quando recebeu o input do senhor Aldo Rebelo, do Partido Comunista Brasileiro (sic), que era ministro da Defesa, que o comandante do Exército não acolheria aquela forma de interferir", disse o presidenciável do PSL. Aldo, na época, era filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e não ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).

“Pelo que eu levantei, fiquei sabendo, o comandante não aceitaria o Estado de Defesa no Brasil artificial”, acrescentou.

Em entrevista à revista Veja em abril, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse que a instituição chegou a ser sondada por políticos de esquerda, mas rejeitou a hipótese de apoiar a decretação de estado de defesa naquele momento.

Sem citar na entrevista quem seriam esses políticos, Villas Bôas disse que as Forças Armadas ficaram “alarmadas” com a perspectiva de serem empregadas para “conter as manifestações que ocorriam contra o governo”.

“Nós temos uma assessoria parlamentar no Congresso que defende nossos interesses, nossos projetos. Esse nosso pessoal foi sondado por políticos de esquerda sobre como nós receberíamos uma decretação do estado de defesa”, disse o general na entrevista.

O artigo 136 da Constituição diz que "o presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza".

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