Morales alertou que a ocupação do local pode trazer danos econômicos irreversíveis (Peter Macdiarmid/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2012 às 17h21.
La Paz - O Governo boliviano alertou nesta sexta-feira para o dano econômico irreversível que causaria a ocupação do campo de gás Margarita, operado pela Repsol, como ameaçam manifestantes em greve por um conflito entre duas regiões que disputam sua propriedade.
O ministro da Presidência, Carlos Romero, convidou em entrevista coletiva no Palácio de Governo às autoridades e líderes de grupos sociais de Tarija e Chuquisaca a dialogar neste sábado em Cochabamba para resolver a controvérsia, e negou que o Executivo planeje mobilizar militares e policiais nessa região.
Alguns dos setores mobilizados no departamento de Tarija realizam bloqueios a 20 quilômetros das instalações de Repsol onde está sendo construída uma nova fábrica para processar gás que servirá para aumentar em abril as exportações para a Argentina.
Os grupos mobilizados completam hoje seu segundo dia de greve para reivindicar a propriedade total do campo, e levantaram a possibilidade de ocupar a jazida.
'Se isto acontecesse, estaríamos paralisando a produção de um megacampo que é o que nos garante as exportações', declarou Romero na entrevista coletiva, acrescentando que o prejuízo seria de US$ 70 milhões diários.
O campo Margarita é um dos mais ricos em gás da Bolívia e está sob a administração da Repsol, que possui 37,5% da concessão, da mesma forma que a British Gas, enquanto a Pan American Energy detém os 25% restantes.
Os mobilizados em Tarija realizam desde quinta-feira uma greve e bloqueiam as fronteiras com Argentina e Paraguai para rejeitar a decisão do Governo de contratar uma empresa de consultoria para examinar se o gás de Margarita pertence apenas a essa região ou está conectado com o campo Huacaya, no departamento vizinho de Chuquisaca.
Os líderes regionais de Tarija, Miguel Justiniano e Walter Mogro, pediram ao Governo de Evo Morales a expulsão da Repsol por considerá-la responsável pelo conflito por não fazer investimentos semelhantes em ambas regiões.
Em declarações à imprensa local, Mogro também acusou a empresa de cometer supostos atos de corrupção e contrabando de combustíveis.
O escritório da Repsol na Bolívia disse à Agência Efe que 'a companhia não fará comentários a esse respeito' e se limita a desenvolver seu trabalho como operadora da concessão no marco de um plano de desenvolvimento aprovado pela companhia petrolífera estatal boliviana YPFB.
Também informou que neste momento as operações na usina de processamento de gás de Margarita são desenvolvidas normalmente e a produção de hidrocarbonetos não foi afetada.
Acrescentou ainda que 'continuará com suas operações enquanto não houver risco para a integridade de seu pessoal e de suas instalações'.
Os bloqueios na região, segundo a empresa, afetam apenas as atividades da construção de uma nova fábrica de gás e das linhas de evacuação e coleta.